Resumo:
A bactéria Bacillus thuringiensis exibe alta atividade tóxica específica para insetos devido à sintese de delta-endotoxinas, codificadas por genes cry. A presente pesquisa visou avaliar a atividade tóxica de cepas de Bacillus thuringiensis oriundas de regiões orizícolas do Estado do Rio Grande do Sul, como agente de controle de insetos-praga da cultura do arroz irrigado e milho Spodoptera frugiperda e Ostrinia nubilalis, a fim de selecionar cepas potenciais para o controle das mesmas e identificar se as atividades enzimáticas dos receptores alcalino fosfatase (ALP) e aminopeptidase (APN) podem ter um importante papel na resistência de B. thuringiensis. Neste trabalho foram utilizados testes fenotípicos e técnicas de PCR para a identificação das subclasses do gene cry1; perfil de proteínas para a observação da composição do complexo esporo-cristal, rep-PCR para a observação da variabilidade genética, DNA plasmidial, quantificação das enzimas ALP e APN para se observer perfil de resistência das cepas e a atividade tóxica frente aos insetos-praga. Os ensaios de quantificação de proteínas de ALP e APN apresentaram níveis reduzidos, sendo um biomarcador potencial para a resistência de toxinas Cry. Os resultados dos estudos de rep-PCR demonstraram um elevado grau de similaridade entre as regiões orizícolas, provavelmente associadas à especiação ecológica. Na caracterização do perfil protéico, os resultados revelaram diferenças entre as cepas em estudo, sendo algumas semelhantes àquelas utilizadas como padrão da análise (Bt. thuringiensis 4412; Bti IPS 82 e Bt. sorovar HD1). Nos ensaios do perfil plasmidial, as cepas formaram três padrões distintos. Para os dados de toxicidades avaliados pelos bioensaios com as lagartas de primeiro ínstar de O. nubilalis, todas as cepas testadas apresentaram mortalidade superior a 75%, com destaque à cepa Bt.1893-15 que causou 95%. Nos dados dos ensaios biológicos realizados contra as lagartas de S. frugiperda, a cepa Bt. 3420-11 destacou-se com mortalidade superior a 88%.