Abstract:
Este trabalho trata da relação entre os poderes político e religioso na construção de representações identitárias de instituições de ensino superior de confessionalidade católica (IESCC) no período de 1995 a 2010. Inspirando-nos na teoria bourdieusiana consideramos as IESCC como um núcleo do campo educacional das instituições de ensino superior (IES). Como tal, sofrem influências e tanto do poder político, entendido como poder de Estado, quanto do religioso legitimado nas ações do Papa, dos agentes da Congregação para a Educação Católica do Vaticano, das Arquidioceses, Dioceses, Ordens e Congregações Católicas e respectivas Inspetorias e Províncias que administram e mantêm IESCC no território Brasileiro. Na relação entre os poderes, identificamos momentos de tensão, embates e negociações. Para identificação das representações identitárias das IESCC, utilizamo-nos de documentos como, acordos de cooperação, leis e decretos, códigos, constituições e sites institucionais de noventa e cinco IESCC. Através da análise documental, concluímos que o núcleo se constitui de instituições mantidas por Arquidioceses e Dioceses e Ordens e Congregações Católicas e apresenta três tipos de instituições: as Pontifícias ou Eclesiásticas; Católicas e Católicas de fato, mas não de direito. Entre as práticas adotadas pelos agentes das IESCC identificamos: criação de IES de pequeno porte como faculdades, escolas e Institutos Superiores; domínios de cursos de bacharelado nas áreas de Ciências
Humanas, Sociais e Aplicadas e Tecnológicas; demarcação da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão; aumento de instituições Católicas; formação de redes institucionais; inclusão de novas congregações mantenedoras, originariamente, não voltadas para a missão educativas; transformação de escolas formadora de religiosos em IES; ocupação de outros espaços regionais, adoção de políticas de gestão organizacional, etc. As IESCC evidenciam dois pontos de vista: um voltado para a formação humanista e outro parece acreditar que este propósito deve ser alterado para continuar se expandindo em um mercado competitivo. No entanto é senso comum que ser católico deve ser demarcado no campo seja enquanto marca ou como explicitação de uma formação ético-cristã.