Resumen:
O abuso sexual contra crianças é uma prática considerada como uma das mais graves formas de violação física e moral, que implica em traumas psíquicos intensos e devastadores. Geralmente, provoca conseqüências destrutivas na formação da personalidade da criança, sem contar as seqüelas físicas e sociais. A mãe, geralmente, é a cuidadora que fica responsável pelos cuidados das crianças após a revelação e denúncia das situações de abuso intrafamiliar. Muitos estudos consideram que ela seja co-responsável pelo abuso, na medida em que não foi capaz de proteger a criança dessa ocorrência. Partindo desta idéia, a presente pesquisa teve como objetivo investigar as características psicológicas, as relações familiares das mães de crianças vítimas de abuso sexual intrafamiliar e sua história transgeracional. Para tal, foi utilizado o método de investigação de Estudos de Casos Múltiplos, que possibilitou uma análise qualitativa em profundidade do fenômeno pesquisado. Neste estudo participaram três mães de crianças vítimas de abuso sexual intrafamiliar, encaminhadas pelo Centro de Estudos à Infância e Adolescência (CEPIA), da cidade de Passo Fundo. A coleta de dados foi realizada por meio de avaliação psicológica das mães no consultório clínico da pesquisadora. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados: entrevista semi-estruturada; genograma e Teste de Apercepção Temática (TAT). Os casos foram analisados em profundidade, integrando os dados dos instrumentos utilizados (análise vertical) e, posteriormente, realizada uma análise dos casos em conjunto, buscando semelhanças e diferenças (análise horizontal). Conclui-se que o incesto não é um fenômeno que diz respeito exclusivamente às vítimas, mas ocorre como resultado de múltiplos determinantes, os quais se referem às características dos personagens envolvidos e à dinâmica da relação estabelecida entre eles.