Abstract:
Esta dissertação é composta por dois artigos: um ensaio teórico e um estudo empírico. O artigo 1, ensaio, buscou examinar como a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) pode contribuir para compreender as repercussões do câncer de mama para a mulher. O estudo mostra a necessidade do olhar humanizado e do atendimento integral às mulheres com câncer de mama, permitindo um olhar diferenciado, preventivo e adequado às características das pessoas, como proposto nas premissas básicas do Sistema Único de Saúde. O artigo 2 buscou examinar e compreender as reações emocionais de mulheres no percurso de investigação do câncer de mama e o seu impacto na comunicação do diagnóstico. Trata-se de um estudo qualitativo com delineamento de estudos de casos múltiplos, fundamentado a partir do referencial teórico da ACP. Participaram três mulheres com idade entre 46 e 54 anos, usuárias de uma Unidade Básica de Saúde de uma cidade do interior de Santa Catarina. A seleção das participantes foi feita por conveniência. Para a coleta dos dados utilizou-se um formulário com a caracterização da paciente, uma ficha de observação para anotação de campo e duas entrevistas semiestruturadas, que foram gravadas e transcritas na íntegra. Após a descrição e análise abrangente de cada caso, os dados foram organizados em temáticas e identificou-se quatro categorias: 1) Do período de investigação da doença à definição do diagnóstico; 2) Percepção da doença; 3) Comunicação e impacto do diagnóstico; 4) Relação entre profissionais, clientes e familiares. Os resultados permitiram identificar que as mulheres durante a suspeita até a confirmação do diagnóstico passam por um período conturbado e apresentam diversas reações como: perda do sentido da vida, insegurança, angústia, ansiedade, desamparo, medo da morte o que influencia no seu estado emocional, físico e social. Além disso, o estudo apontou outros fatores agravantes para a sua saúde como a falta de informação, falta de apoio por parte dos familiares e equipe de saúde, dificuldades de acesso ao tratamento, morosidade no atendimento e precariedade do sistema, o que prejudica a mulher e retarda o diagnóstico da doença, diminuindo as chances de cura. Destaca-se a importância de uma abordagem centrada na pessoa e, não somente na doença, voltada ao atendimento humanizado, com estratégias que proporcionem ações mais positivas em relação ao cuidado, prevenção e tratamento da saúde da mulher.