Resumen:
O pinguim-papua (Pygoscelis papua) reproduz a partir de 46°S a 65°S. Apesar de sua ampla distribuição são consumidores costeiros e não migratórios, possuem um alto nível de filopatria e as populações estão restritas a ilhas de reprodução e faixas de forrageamento e apresentam variações contrastantes entre populações. Esta tese tem como objetivos: 1) avaliar as respostas do tamanho da população reprodutiva de pinguim-papua de acordo com fatores climáticos em Stinker Point, Ilha Elefante; 2) identificar o dimorfismo sexual de tamanho em caracteres morfométricos em adultos reprodutores de pinguins-papua em Stinker Point, Ilha Elefante, comparando-se com a técnica de sexagem molecular. Além disso, verificar a variação morfométrica da espécie em três locais do Arquipélago das Shetlands do Sul e comparar com dados da literatura e 3) quantificar um tipo potencial de assimetria em pinguins-papua nas ilhas Elefante e Rei George, caracterizando seus níveis assimétricos como uma forma de avaliar a qualidade do ambiente. A população reprodutiva de pinguim-papua respondeu significativamente ao Índice de Oscilação Antártica e à anomalia de temperatura durante o início do período reprodutivo. Provavelmente pelas variações climáticas extremas interferirem na decisão dos indivíduos de reproduzir ou não em um determinado ano. Na avaliação do dimorfismo sexual, através de medidas morfométricas, o comprimento do bico foi a medida de maior dimorfismo sexual (5,3%) e classificou corretamente 76,7% das aves, sendo em média as fêmeas maiores que os machos. Dentre as medidas morfométricas analisadas, todas apresentaram diferenças entre os locais do Arquipélago das Shetlands do Sul e Península Antártica. Dada a pouca acurácia das funções discriminantes na sexagem e as diferenças das medidas morfométricas conforme a área geográfica de pinguim-papua, é preciso ter cautela ao classificar indivíduos com base em uma única avaliação, de forma que a sexagem molecular apresentou melhor resultado. Quanto ao tipo de assimetria, os níveis observados refletem um padrão de assimetria flutuante (AF), porém sem diferença significativa. A ausência de altos níveis de AF indica que não há níveis cumulativos suficientes de estresses ambientais que pudesse causar distúrbios fisiológicos e alterar a homeostase do desenvolvimento normal nesta espécie na Antártica.