Resumo:
O relacionamento violento entre casais vem sendo entendido como um problema de saúde pública mundial e, ao longo dos últimos anos, muitos estudos se dedicam a compreender o fenômeno. Entretanto, não há unanimidade sobre as variáveis relacionadas a um padrão conjugal violento, revelando ainda uma carência de estudos explicativos que ajudem na elaboração de intervenções mais efetivas. Partindo-se do pressuposto de que a dinâmica conjugal violenta é um fenômeno complexo e interacional, a presente dissertação objetiva identificar variáveis que expliquem o desenvolvimento e a manutenção da dinâmica violenta entre casais, especialmente os Esquemas Iniciais Desadaptativos propostos por Jeffrey Young na Terapia do Esquema. O documento da dissertação está composto por dois artigos. No primeiro, é exposto um perfil discriminante entre sujeitos com histórico de violência física contra o parceiro íntimo na relação atual e os sujeitos sem histórico. No segundo, foi investigado o poder das experiências na família de origem e dos Esquemas Iniciais Desadaptativos como preditores da violência física cometida e sofrida na relação conjugal entre homens e mulheres. Para tal, foi realizado um estudo com 362 participantes, utilizando-se como instrumentos: Young Schema Quetionnaire (YSQ-S3), Revised Conflict Tactics Scale (CTS2) e o Family Background Questionnaire (FBQ). Os resultados revelaram que os Esquemas Iniciais Desadaptativos, em especial do primeiro domínio esquemático, são variáveis fundamentais para a compreensão da violência física conjugal. Com isso, acredita-se que os resultados auxiliem na compreensão sobre a dinâmica das relações violentas, contribuindo para a elaboração de programas de prevenção e intervenção. Sugere-se que os tratamentos terapêuticos para casais em situação de violência devam estar baseados em intervenções que possam ir além dos comportamentos violentos, mas que considerem também os Esquemas Inicias Desadaptativos primários.