Resumo:
O objetivo central desta dissertação foi estabelecer uma comparação do modelo de ocupação estável Xokleng, proposto por Farias (2005), com os sítios arqueológicos identificados no município de Rio Fortuna – SC. Este modelo presumiu que os Xokleng tiveram estabilidade territorial na encosta catarinense. No entanto, as fontes históricas e arqueológicas apresentaram dados divergentes. De um lado, documentos e entrevistas confirmaram a presença dos Xokleng. De outro, sítios arqueológicos caracterizaram grupos caçadores-coletores ligados a Tradição Tecnológica Umbu. De fato, os 66 sítios identificados através da bibliografia e da pesquisa de campo, demonstraram ocupação contínua. Porém, nenhum deles apresentou vestígios materiais descritos nos documentos históricos, pelo contrário, as pontas de projétil confeccionadas em pedra prevaleceram nessas ocupações. Por isso, caracterizamos a cultura material dos sítios arqueológicos e dos assentamentos Xokleng informados pela etnohistória. Estabelecemos semelhanças e diferenças entre estes dados. Visualizamos o contexto arqueológico na área da pesquisa, e nos municípios próximos. Avaliamos a contribuição da metodologia da história oral para as pesquisas arqueológicas. E, por fim, tentamos compreender a relação entre os Xokleng e a Tradição Umbu. Empregamos como metodologias o levantamento bibliográfico, levantamento documental, história oral e pesquisa de campo. Como nem todos os dados foram passíveis de comparação e outros não foram compatíveis com o modelo Xokleng, procedemos à elaboração de duas hipóteses na tentativa de fornecer pistas para futuras pesquisas. A primeira propõe uma associação entre grupos caçadores-coletores antigos e pequenos grupos Xokleng advindos do planalto catarinense; e a segunda, leva em consideração a primeira suposição. Neste caso, sugere que o processo de colonização iniciado por volta de 1850, no Vale do Rio Itajaí, teria ocasionado uma segunda migração da encosta norte para a encosta sul, resultando em alterações culturais.