Resumen:
A presente tese investiga como ocorre a interação para a inovação no Arranjo Produtivo Local Metalmecânico-Automotivo na região de Caxias do Sul (RS), a partir da análise do arcabouço teórico da Nova Economia Institucional (COASE, 1937; NORTH, 1990; WILLIAMSON, 1985; NELSON, 2008); Teoria Econômica Evolucionária ou Teoria Neo-Schumpeteriana (SCHUMPETER, 1950); Sistemas de Inovação (FREEMANN, 1995, EDQUIST 2004, LUNDVALL, 1992), e Arranjo Produtivo Local (SUZIGAN, W, 2001; SUZIGAN, W.; FURTADO, J.; GARCIA, R. 2007; CASSIOLATO; LASTRES, 1999), tem-se em vista analisar o arranjo no campo de estudo da inovação; tendo como limite temático os fatores que compõem a proximidade territorial, o processos de interação entre os diversos agentes que integram o sistema produtivo local e que condicionam o desempenho competitivo e inovativo das empresas em torno do arranjo em estudo. Para os institucionalistas, o ambiente institucional reveste-se de importância, porque a análise econômica passa pelo estudo das estruturas, regras e comportamentos de instituições (empresas, sindicatos, o Estado e seus organismos).Para a Teoria Econômica Evolucionária ou Teoria Neo-Schumpeteriana, a atividade econômica é dinâmica, tendo a tecnologia um caráter evolutivo e endógeno ao processo de desenvolvimento econômico com a presença central do empresário empreendedor. A abordagem sobre os Sistemas Nacionais de Inovação sugere o caráter sistêmico da atividade inovativa, no qual o conhecimento e o aprendizado por interação são destacados; além disso, prevê que o desenvolvimento econômico das regiões está alicerçado na ampliação das estruturas de tecnologias físicas, e na ampliação de tecnologias sociais. No Brasil, recentes estudos sobre APLs dão conta de que uma proposta conceitual de sistema local de inovação parece oferecer uma melhor possibilidade de compreensão do processo de inovação, na diversidade, que consideram existir entre os diferentes países e regiões, tendo em vista seus específicos processos históricos e seus desenhos políticos institucionais particulares. Esse quadro de referência está baseado em alguns conceitos fundamentais – aprendizado, interações, competências, complementaridades, seleção, dependência de trajetórias, entre outros – que enfatizam os aspectos regionais e locais. Sendo assim, essas questões tornam-se relevantes para analisar o desenvolvimento regional e, mais especificamente, para avaliar como ocorre a interação para a inovação em ambientes específicos. Diante do exposto, a presente tese busca analisar o como ocorre a interação para a inovação, entre os atores, no Arranjo Produtivo Local Metalmecânico-Automotivo, na região de Caxias do Sul (RS). Para alcançar o objetivo foi realizada uma pesquisa descritiva, utilizando como técnica de coleta de dados uma survey. Os resultados obtidos indicam que o comportamento da interação alterna-se entre os atores devido às suas características peculiares. A interação para inovação, considerando as instituições de apoio e prestação de serviços, as instituições de influência e as empresas indicam (i) uma atuação mais destacada das instituições de apoio e prestação de serviços, agentes que atuam em prol da interação e são, na sua maioria, reconhecidas pelos demais agentes como importantes no processo de inovação; (ii) as instituições de influência interagem com menor intensidade, em relação às instituições de apoio e prestação de serviços; (iii) em relação às empresas, os resultados apontaram para uma interação embrionária com as instituições, principalmente as empresas do grupo das pequenas e micro, que praticamente não agem de forma proativa na busca de informações e conhecimento para a inovação nas instituições; (iv) na relação entre as empresas, ou seja, entre elas mesmas, a interação acontece com a busca de informações junto aos seus clientes e usuários, prática adotada pelas grandes empresas, e com a busca de informações junto aos seus fornecedores, utilizada pelas empresas menores. Finalizando o trabalho, pode-se inferir que as bases sociais do APL, constituídas pelas entidades que compõem o Conselho de Administração, precisam avançar no sentido de tornarem mais eficaz seus papéis de promotores do desenvolvimento do APL.