Resumen:
A conjuntura mundial demonstra um interesse crescente, sobre os produtos da biomassa que podem ser usados na produção de combustíveis. Este se liga à busca por alternativas que permitam enfrentar a esperada escassez de petróleo e a obtenção de fontes energéticas que diminuam os impactos da atuação humana no meio ambiente. Os combustíveis da biomassa apresentam características positivas em relação à suas emissões de gases, possibilidades de expansão de cultivo e colaboram na retenção de carbono. O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e o segundo maior produtor de etanol, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Esse desempenho deve-se ao clima, disponibilidade de terra e ao domínio técnico existente. No Estado do Rio Grande do Sul, a cultura é pouco expressiva, com área reduzida dedicada a ela, e com a produção de etanol local atendendo somente a 2% da demanda, com o restante sendo importado de outros Estados. A realidade agrária local apresenta-se formada, em sua maior parte, por pequenos produtores ligados à agricultura familiar, com propriedades e produção em baixos volumes, contrariamente ao que ocorre no restante do País, onde a organização típica dessa indústria baseia-se em grandes usinas e monocultura de cana-de-açúcar. As cooperativas que atuam, ou buscam atuar nessa indústria no Estado adotam dois modos distintos de atuação diferenciados, com níveis de produção em escalas muito inferiores aos praticados no restante do Brasil. O primeiro obtém sua sustentabilidade da produção e venda do etanol diretamente ao mercado em uma escala de atuação de maior volume e práticas alinhadas aos paradigmas dessa indústria. O segundo viabiliza-se a partir de um mix, composto de etanol para autoconsumo e comercialização, alimentos, prática de culturas diversas a partir de doutrinas agroecológicas e sistêmicas com geração de renda para os cooperados e as comunidades. Este trabalho realizou estudos de caso em quatro cooperativas, Coopercana, Cooperbio, Cooperfumos e Cooperger, que identificaram que este tipo de organização tem efeitos positivos para a obtenção de melhor escala de produção, viabilização de acesso a recursos, melhores custos de transação e obtenção de economias de escopo pelos pequenos produtores. A adoção de métodos como Zeri e outros ligados a práticas agroecológicas é tido como essencial nos projetos de três dessas organizações, mas ainda não existem avaliações que permitem valorar seu impacto no resultado das operações, e se elas conseguem obter os resultados econômicos desejados.