Resumen:
O trabalho estuda as relações familiares e de parentesco dos escravos em Pelotas, Rio Grande do Sul, no decorrer dos oitocentos. Para tanto, foi realizado um cruzamento de fontes variadas relativas aos escravos e negros libertos, procurando sempre que possível acompanhar a trajetória desse grupo social ao longo do tempo durante o cativeiro mediante as experiências de parentesco, inserções no mundo do trabalho, etnicidade, escravidão, gênero e liberdade. A investigação priorizou a análise das relações familiares e afetivas de escravos e libertos, dando ênfase aos laços sociais confirmados pelo compadrio. O trabalho tenta problematizar a respeito do processo de socialização em torno da comunidade cativa negra local e de pensarmos como se reproduziam as relações hierárquicas entre os escravos e os demais setores sociais. Houve a preocupação em reconstituir as famílias negras pesquisadas por intermédio do intercruzamento da documentação coligida (registros de batismos, óbitos, inventários post-mortem, cartas de alforrias, etc.). Dessa forma, procuramos entender a relevância da família escrava para o projeto de obtenção da alforria para parentes e aliados, e como elemento de resistência.