Resumen:
Este trabalho se propôs a avaliar em que medida e sob quais condições as decisões de investimento em projetos de melhoria e seus respectivos resultados seriam diferentes se analisadas sob a perspectiva da contabilidade dos Ganhos, em comparação à contabilidade dos custos tradicional. Para atingir esse objetivo, adotou-se uma abordagem metodológica em duas etapas: (i) uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), conduzida com base na Literature Grounded Theory (LGT), que permitiu mapear os principais métodos e lacunas existentes na seleção e priorização de projetos de melhoria; e (ii) um estudo de caso único com análise contrafactual, aplicado em uma empresa do setor de autopeças, envolvendo quatro projetos implementados. A análise considerou os métodos de custeio por absorção e contabilidade dos Ganhos, aplicados retroativamente a partir de dados reais dos projetos. Foram utilizados indicadores financeiros como VPL, Payback e TAD (Taxa de Aderência à Decisão), além de uma análise da sensibilidade das premissas por meio de cenários contrafactuais. Os resultados demonstraram que a contabilidade dos Ganhos apresentou maior aderência entre a decisão prévia e os resultados obtidos (TAD de 60% frente a 40% do custeio por absorção), menor sensibilidade a alterações nas premissas (40% de reclassificação frente a 60%), e maior afinidade com contextos de manufatura intensiva. As principais contribuições deste estudo são: (i) a delimitação contextual da superioridade da contabilidade dos Ganhos, principalmente em ambientes com alto grau de transformação interna; e (ii) a introdução do conceito de sensibilidade decisória frente às premissas, evidenciando a robustez da contabilidade dos Ganhos em cenários de incerteza. O estudo avança o conhecimento teórico sobre a aplicação da Teoria das Restrições (TOC) à gestão de portfólio de projetos e fornece implicações práticas para decisões de alocação de recursos em sistemas produtivos.