Resumen:
A inovação em saúde é essencial para melhorar a qualidade de vida, permitindo
soluções que ampliam o acesso e a eficiência dos serviços. Os dispositivos médicos,
especialmente os testes de diagnóstico in vitro (IVDs), realizados em amostras
biológicas fora do corpo humano, são fundamentais para o diagnóstico e o
gerenciamento de tratamentos, favorecendo a descentralização e aproximando o
cuidado de saúde do paciente. No entanto, desenvolver esse tipo de tecnologia é
complexo, pois envolve desafios técnicos, regulatórios, de mercado e de gestão.
Nesse sentido, o processo de Desenvolvimento de Novos Produtos (NPD) contribui
para enfrentar tais barreiras, pois orienta o uso de práticas e ferramentas de gestão
que apoiam o desenvolvimento. Entre elas, os modelos de NPD estruturam os
processos, apoiam a tomada de decisão, o monitoramento de riscos e a integração
de áreas. Embora existam muitos modelos na literatura, observou-se uma lacuna
quanto a modelos focados no desenvolvimento de IVDs, o que é relevante, pois
modelos mais gerais podem limitar a aplicabilidade nesse contexto. Assim, o objetivo
deste estudo foi propor um modelo que incorpore fatores críticos de sucesso e
práticas de gerenciamento de risco para dar suporte ao desenvolvimento de novos
produtos em tecnologias de diagnóstico in vitro. Para tanto, adotou-se o método
Design Science Research, cuja finalidade é orientar a construção de artefatos (o
modelo de NPD), capazes de solucionar problemas reais, neste caso, oferecendo
uma representação estruturada do processo de NPD. Inicialmente, foi realizada uma
Revisão Sistemática da Literatura para mapear lacunas e identificar modelos
aplicáveis ao desenvolvimento de dispositivos médicos. Com base nisso, definiu-se
os estágios que ocorrem o desenvolvimento, seis áreas críticas e uma abordagem
de gestão de riscos, que fundamentaram a primeira versão do modelo (v.1). Em
seguida, entrevistas e questionários com sete profissionais permitiram identificar
desafios, fatores críticos e stakeholders, levando à primeira otimização (v.2) ao
integrar os dados empíricos com os achados da literatura. A avaliação com seis
especialistas e um grupo focal promoveu a segunda otimização (v.3), incorporando
observações do contexto prático e confirmando o potencial de uso do modelo para
IVDs. Por fim, a última etapa envolveu a consolidação das lições aprendidas,
resultando na versão final do modelo (v.4), denominado IRIS (Integrated Risk and
Innovation Strategic), acompanhada de material de apoio para facilitar sua aplicação
em cenários reais. Este estudo apresenta uma proposta inovadora ao desenvolver
um modelo de NPD orientando aos IVDs, mesmo que integre elementos já
existentes. A ferramenta, que possui um enfoque nacional, contribui para ampliar o
conhecimento, consolidar boas práticas relacionadas a fatores críticos de sucesso e
à gestão de riscos. Entre as limitações, destaca-se o número reduzido de
entrevistados e o fato de que o modelo ainda pode não contemplar todas as
especificidades de um IVD, sendo necessário seu constante aprimoramento. Essas
limitações abrem oportunidades para pesquisas futuras, como aplicar o modelo em
projetos reais, e aprimorá-lo com novas ferramentas e métricas. Em síntese, o
modelo desenvolvido amplia o conhecimento acadêmico e se apresenta como um
recurso prático para apoiar o desenvolvimento de tecnologias de diagnóstico que
impactam positivamente a saúde e a qualidade de vida da população.