Resumen:
Os microplásticos (MPs) são partículas plásticas com tamanho entre 0,001 e 5 mm, cuja presença no ambiente tem gerado crescente preocupação devido aos potenciais riscos para a biota e para os seres humanos. Apesar do avanço das pesquisas em ambientes aquáticos, a ocorrência e caracterização de MPs em lixiviados de aterros sanitários permanecem pouco exploradas no Brasil. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi identificar e caracterizar MPs presentes em amostras de lixiviado bruto provenientes do aterro sanitário, localizado no município de São Leopoldo – RS. Foram realizadas três campanhas amostrais ao longo do ano de 2024. As amostras foram submetidas a peneiramento, tratamento oxidativo com reagente de Fenton, filtração a vácuo e, posteriormente, as partículas suspeitas foram confirmadas como MPs por espectroscopia Raman. Apenas após essa confirmação química, as partículas foram caracterizadas fisicamente quanto à morfologia, forma, cor e tamanho. As concentrações variaram entre 13 e 73 itens/L. Observou-se predominância dos polímeros polipropileno (PP) e polietileno (PE), que juntos representaram a maior parte (80 %) dos MPs identificados. As partículas do tipo fragmento foram predominantes (98%), indicando origem secundária, ou seja, derivada da fragmentação de resíduos plásticos dispostos no aterro. A maioria das partículas apresentou tamanho inferior a 75 µm, o que sugere alta mobilidade e potencial para percolação no ambiente. A abundância de MPs apresentou correlação com variáveis físico-químicas do lixiviado, como turbidez, carga orgânica e cor, além de influência de fatores ambientais, como temperatura e precipitação. Os resultados indicam que aterros sanitários podem atuar como fontes relevantes de MPs. Este estudo contribui para preencher lacunas sobre o tema no Brasil e pode apoiar ações de educação ambiental e desenvolvimento de estratégias de combate à poluição por plásticos.