Abstract:
Esta dissertação de mestrado teve como objetivo entender como se constitui o sujeito
docente antirracista a partir da análise das relações de saber-poder-ética que
mobilizam discursos racistas e antirracistas no Rio Grande do Sul. Tais conceitos
foram colocados em operação na matriz de experiência desenvolvida por Michel
Foucault articulados à problematização: Como se constituem os/as docentes que
trabalham com a Educação das Relações Étnico-Raciais - ERER e se engajam na
construção de uma Educação Antirracista? Que relações de saber, poder e ética
acionam em sua docência, de modo a constituírem suas subjetividades? Na
perspectiva da pesquisa qualitativa foram entrevistados dez docentes integrantes do
projeto de pesquisa (de)formação LABDOC Equidade Racial, vinculados a dez
municípios do Vale do Sinos/RS, para a produção dos dados. Os Estudos
Foucaultianos orientaram a pesquisa que formado um conjunto de narrativas de dez
professores/as negros/as e brancos/as. Os/as docentes entrevistados/as atuam nos
anos finais e iniciais do Ensino Fundamental da Educação Básica e desenvolvem a
ERER em suas práticas pedagógicas. Os sujeitos-docentes participaram da
formação continuada sobre a diversidade étnico-racial do LABDOC Equidade Racial.
O estudo considera que os sujeitos são constituídos por uma diversidade de
discursos que atuam na sua subjetivação e movimenta as relações de poder dos
sujeitos envolvidos. Desta forma, foi possível construir três eixos de análise a partir
das narrativas que evidenciam características do modo de ser docente antirracista:
a) a reflexão sobre si, sobre o pertencimento étnico-racial e a diferença; b) a vontade
de saber e o investimento formativo permanente; c) o engajamento com a educação
e a equidade racial. Os elementos identificados constituem discursos e regimes de
verdades que os/as docentes construíram para si e sua prática docente como
mobilizadores de uma ação intencional e engajada. Compreende-se a docência
antirracista como um modo de ser e de existir como sujeito docente que, incentivado
pelo desejo de transformação das relações de poder e da eliminação das estruturas
sociais racistas, promove práticas docentes orientadas pelos princípios da ERER.
Assim, concluiu-se que o regime de verdade que circula entre os/as docentes
anuncia uma docência antirracista que visibiliza e valoriza a diversidade,
comprometendo-se com a transformação social no intuito de eliminar as
desigualdades raciais e construir um ambiente escolar equânime.