Abstract:
O design é área de inovação. As organizações criam setores para, a partir do design, projetar inovações. A prática do design requer certa liberdade para criar a novidade e está relacionada ainda à originalidade, valores que parecem entrar em fricção com a organização, que é controlada. A inovação almejada pelas organizações está relacionada a uma definição que busca sempre o aumento do capital, o crescimento do mercado e o investimento, mas não o risco. Por isso, na realidade da corporação, é impensável que o projeto surja de um ato criativo descontrolado. Esse paradoxo que relaciona controle e inovação no ambiente da empresa criado para inovar, nesse caso o ambiente do laboratório de inovação, intenciona o objetivo desta pesquisa de compreender como o design pode explorar a relação existente entre práticas de controle e processos de inovação, na perspectiva dos laboratórios de inovação. Para atender ao que se propõe, o objetivo desdobra-se em: compreender como se manifestam as práticas de controle no campo do design, a partir de uma revisão de literatura; caracterizar a inovação pela perspectiva da organização, do design e do laboratório na literatura; compreender como o controle se manifesta e impacta o ambiente organizacional do laboratório de inovação, a partir da perspectiva de profissionais que atuam nesse ambiente; e propor os desafios para o campo do design intencionar projetos de inovação no ambiente organizacional do laboratório de inovação. No atual momento, ao buscar atingir os objetivos, a pesquisa apresenta uma revisão de literatura, abordando temas como controle; controle no design; inovação organizacional; inovação através do design e inovação no laboratório. A metodologia adotada para a etapa de campo foi entrevista com sete profissionais que atuaram em cinco laboratórios de inovação de grandes empresas brasileiras. A análise dos resultados permitiu evidenciar onze formas de controle que podem ser percebidas nos processos de inovação desenvolvidos em laboratório e que tangem o design: o controle pela temporalidade; o controle pela adequação aos objetivos estratégicos; o controle pelo alinhamento com a pesquisa referencial; o controle pelo poder; o controle pela não discussão; o controle pela regulação implícita nos posicionamentos; o controle pelo conceito ou expectativa de inovação; o controle pelo receio ao risco; o controle pela infraestrutura; controle pela percepção de investimento; e o controle pelo retorno projetado no projeto de inovação. Essas formas de controle são discutidas ao formularem desafios ao design, tais como trazer visibilidade às formas de controle e fomentar processos dialógicos; promover a tensão entre liberdade criativa e direcionamento estratégico; conciliar as formas de controle para inovar; e tratar o controle como aparato restritivo ao projeto inovador.