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Ecologia do forrageiro e quantificação de mercúrio no atobá-pardo (Sula leucogaster) (BODDAERT, 1783) em dois arquipélagos brasileiros
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Ecologia do forrageiro e quantificação de mercúrio no atobá-pardo (Sula leucogaster) (BODDAERT, 1783) em dois arquipélagos brasileiros
Benemann, Victória Renata Fontoura
Data da Defesa:
2024-12-13
Orientador:
Petry, Maria Virginia
Resumo:
A Teoria do Forrageio Ótimo prediz que um predador ajusta suas estratégias
de forrageio de modo a maximizar o ganho energético, gastando a menor energia
possível para suprir suas demandas energéticas. A eficiência de forrageio é uma
métrica utilizada para medir o saldo energético final resultantes das atividades de
forrageio de um indivíduo, onde o ganho energético obtido pelo consumo das presas
deve ser maior do que o custo energético para busca, captura e ingestão. O atobápardo (Sula leucogaster) é uma ave marinha da família Sulidae amplamente
distribuída nos oceanos tropicais e subtropicais, tanto em zonas costeiras como
pelágicas, e é caracterizado por apresentar uma alta plasticidade trófica. O objetivo
principal desta tese é investigar o comportamento e a eficiência de forrageio do
atobá-pardo em duas populações da espécie, comparando as condições ambientais
e a influência antrópica em cada uma. Os objetivos específicos são (1) determinar as
áreas de forrageio no arquipélago de Moleques do Sul (MS) e investigar como
variáveis oceanográficas e a distribuição das frotas de pesca de arrasto influenciam
o uso dos hábitats de forrageio, (2) testar diferenças intersexuais no comportamento
de forrageio, (3) comparar a composição de espécies-presa e a qualidade nutricional
da dieta do atobá-pardo entre os arquipélagos de MS e São Pedro e São Paulo
(SPSP), (4) comparar a eficiência de forrageio entre os dois arquipélagos, e (5)
determinar e comparar a concentração de mercúrio em penas de indivíduos jovens e
adultos entre os dois arquipélagos. Indivíduos reprodutivos (n = 39) foram rastreados
por três dias com biologgers programados para coletar coordenadas geográficas,
dados de aceleração e profundidade durante as viagens de forrageio nos dois
arquipélagos. Destes 39 indivíduos rastreados, 26 tiveram amostras de dieta
coletadas através de regurgitos espontâneos para análise de dieta e composição
nutricional. Para a análise da concentração de mercúrio, foram coletadas penas
ventrais de 58 indivíduos: 21 em MS e 37 em SPSP. Não foi observada uma
influência significativa da distribuição das frotas de pesca de arrasto na escolha por
áreas de forrageio dos atobás-pardos em Moleques do Sul no período amostrado.
Foi observada uma diferença significativa nos teores de proteína e lipídio, mas não
na densidade energética entre as presas dos dois arquipélagos. Os atobás de MS
realizaram viagens mais distantes da colônia reprodutiva e uma maior profundidade
de mergulhos nas viagens de forrageio, o que resultou num gasto energético mais
alto do que em SPSP. A eficiência de forrageio do atobá-pardo foi maior em SPSP
do que em MS, provavelmente devido a maior disponibilidade de presas neste
arquipélago. Quanto à contaminação por mercúrio, não foram observadas diferenças
significativas em relação a sexo e idade, mas sim entre os arquipélagos, onde
indivíduos de MS apresentaram concentrações maiores. A presente tese apresenta
novas informações sobre o comportamento de forrageio e a contaminação por
mercúrio do atobá-pardo nos arquipélagos estudados, em especial para a população
de MS, que representa o limite sul da distribuição da espécie no Oceano Atlântico e
é ainda pouco estudada.
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