Abstract:
Esta tese objetiva analisar o discurso autorreferencial e a atuação política e partidária do jornal O Dia nos anos de 1959 a 1962, período em que o petebista Chagas Rodrigues esteve à frente do executivo estadual. O órgão foi criado em 1951 e, embora se apresentasse discursivamente para o leitor como um jornal “independente, político e noticioso” frente às disputas políticas existentes entre os partidos (PSD, UDN e PTB), foi utilizado como arma política de acordo com o interesse do seu proprietário, Raimundo Leão Monteiro. Para a compreensão da linha editorial e a atuação política e partidária do jornal O Dia no governo de Chagas Rodrigues (PTB-UDN), o corpus da pesquisa é formado, especialmente, pelas matérias publicadas na imprensa de Teresina no período de 1959 a 1962, além de outras fontes e documentos, como: periódicos, dados estatísticos, revistas, mensagens governamentais etc. A metodologia da pesquisa adotada foi a Análise do Discurso, na perspectiva de Michel Foucault (2009; 2010), e o referencial teórico tem como base os conceitos de Antonio Gramsci (2004), Teun Van Dijk (2008), Serge Berstein (2009), Rodrigo Patto Sá Motta (2014), Barbara H. Rosenwein (2011) e Pierre Bourdieu (2011; 2007). À luz do referencial teórico e metodológico, verificou-se que o jornal O Dia e a imprensa alheia foram colocados a serviço da luta pelo poder político partidário e seus redatores assumiram o papel de agentes dos grupos pessedistas, udenistas e petebistas na tentativa de interferir no jogo político e na construção da realidade ao instituir valores, conceitos, classificações, emoções, fazendo crer naquilo que pretendiam tornar visível e conhecido por meio das palavras, da linguagem, do discurso jornalístico combativo e de descomposturas. Uma cultura jornalística que engendrada nas culturas políticas se manifestava, sobremaneira, pelas brigas, pelas disputas, pela luta simbólica entre os redatores de O Dia com os demais órgãos de imprensa de Teresina em 1959 a 1962, demonstrando a ideia de que a
“imprensa também governa”.