Resumo:
Esta pesquisa objetiva identificar e analisar como as professoras pesquisadoras dos anos
iniciais do Ensino Fundamental se posicionam sobre a avaliação escolar e que sentidos atribuem a ela. O material empírico foi produzido por meio da pesquisa formativa em um Laboratório de Docências Contemporâneas (LABDOC), que se consolida como um espaço-tempo (de)formação para professores da Educação Básica e do Ensino Superior. O exercício analítico ocorre a partir das narrativas produzidas no LABDOC, envolvendo experimentos e experiências entre as professoras pesquisadoras das escolas e das pesquisadoras da universidade, articulados aos documentos oficiais e projetos político-pedagógicos das escolas em que elas atuam. Os referenciais, em uma perspectiva pós-estruturalista, envolvem estudos sobre formação de professores, docências no contemporâneo e, especificamente, avaliação. No âmbito da avaliação, autores como: Rejane Ramos Klein, Domingos Fernandes, Jorge Pinto, Maria Teresa Esteban e Luiz Carlos de Freitas contribuíram para a problematização da temática. A pesquisa
formativa desenvolvida possibilita entender que as ações pedagógicas avaliativas vão se
engendrando a partir de regimes de verdade e de ênfases da cultura avaliativa vigente, que permeiam as políticas públicas, as normativas, as vivências formativas das professoras e, por conseguinte, suas docências. Neste estudo, identifica-se o imperativo da avaliação em uma racionalidade neoliberal como o grande regime de verdade que sustenta e produz outros modos de ser professor e aluno no contemporâneo, produzindo efeitos sobre o trabalho docente. Isso possibilita mostrar que a avaliação, nas docências das professoras pesquisadoras participantes da pesquisa, é apresentada como contínua, permanente e “da aprendizagem”. Em decorrência deste estudo, foi possível criar argumentos inspiradores de atitudes cotidianas, que podem funcionar como fissuras ou brechas na cultura avaliativa contemporânea, mobilizada pela racionalidade neoliberal. Propõe-se que, com pequenos movimentos de enfrentamento à lógica vigente, expressa na avaliação, seja possível, no cotidiano das docências e no processo educativo desenvolver uma avaliação mais ética e justa. Em síntese, defendo uma outra cultura
avaliativa, em que a avaliação escolar assuma sua dimensão ética, constitutiva do processo educativo e não apenas do domínio da qualificação, uma avaliação menos individualizante e performática, uma avaliação que é educativa.