Abstract:
A presente tese apresenta-se como um ensaio teórico para analisar como a escola pode funcionar, ainda, como uma “antifogueira” no enfrentamento da violência contra as mulheres, a partir da figura da bruxa. Para tanto, cria um inventário bruxesco para contar a história de mulheres assassinadas, desde a antiguidade até o presente, uma vez que, embora as fogueiras visíveis tenham se apagado, as violências contra as mulheres continuam vivas nas práticas contemporâneas. Nesta investigação, busca-se traçar uma relação entre o patriarcado, a caça as bruxas, a ascensão do capitalismo e o controle
dos corpos femininos. A partir dessa configuração histórica, examina também as políticas públicas que buscam combater a violência contra as mulheres, com foco no Brasil. Por fim, esta pesquisa argumenta o quanto a escola pode constituir-se em um espaço crucial para a formação humana que ainda investe em práticas narrativas, permitindo que as pessoas problematizem suas experiências e as dos demais e, a partir disso, criem outras narrativas de si. As principais referências teóricas são Federici, Telles, Butler, Foucault, Petit e hooks. A tese conclui que, ao incorporar essas práticas, a escola pode
efetivamente tornar-se uma “antifogueira”, capaz de enfrentar a crise narrativa que vivemos e abrir espaços de enfrentamento para lidar com a violência contra as mulheres.