Resumo:
O objetivo do estudo é analisar o aprofundamento das relações comerciais
entre a China e o continente africano e os efeitos econômicos para diversos setores,
em especial para o complexo de soja brasileiro. A metodologia empregada foi o
modelo de equilíbrio geral computável e a base de dados do GTAP 11, com a
classificação dos produtos por nível de intensidade tecnológica de acordo com a
OCDE. A integração da África (AfCFTA) por si só leva o bloco a fazer parte das
discussões globais sobre comércio. Os resultados apontam que o AfCFTA aumentaria
o comércio intrabloco, levaria a ganhos de bem-estar e aumentaria a produção em
setores com maior emprego de tecnologia e, em contrapartida, haveria redução na
produção de soja e outros primários. Na avaliação de um acordo do AfCFTA com a
China, o único beneficiado em termos de bem-estar seria a China, tanto em eficiência
alocativa quanto em termos de troca. Buscando analisar se o acordo de livre comércio
entre a China e o AfCFTA poderia afetar o comércio do complexo de soja, tendo em
vista que a China é um grande importador de soja oriunda do Brasil e a África possui
vastas extensões territoriais com fortes semelhanças nas condições agroclimáticas
com o Brasil, a simulação do acordo apontou que os efeitos seriam modestos para o
setor de soja, com leve queda na produção de soja no continente africano e pequeno
aumento na produção de soja no Brasil. Entretanto, o aumento na produção brasileira
de soja levaria à perda de bem-estar em razão das perdas nos termos de troca.