Resumen:
Os algoritmos da cultura (Ferreira, 2020) são agenciadores de experiências mentais materializadas na cultura, destacando-se as lógicas de racialização, operacionalizadas pela branquitude (Bento, 2002; Campos, 2023; Cardoso, 2011; Ramos, 1995; Schucman, 2020), e as lógicas de resistência afro-referenciadas, que surgem como respostas ao racismo presente na sociedade. A midiatização como processo interacional de referência (Braga, 2006) reconfigurou as interações sociais, ampliando espaços discursivos, mas também propiciou novas formas de opressões raciais, como aquelas produzidas e reproduzidas no ambiente online por algoritmos digitais. Diante disso, esta dissertação tem por objetivo investigar as lógicas algorítmicas instaladas na cultura e nos meios digitais, na perspectiva da midiatização, a partir da circulação de sentidos como zona de tensionamentos ou reificação de lógicas estigmatizantes e racializadas presentes no espaço público. A construção do caso de pesquisa foi elaborada a partir de episódios de entrega de resultados de busca racializados retirados do motor de buscas do Google. A pesquisa está referenciada no método abdutivo (Ferreira, 2012) e utiliza como metodologia o estudo de caso midiatizado (Weschenfelder, 2020). Os casos de racismo algorítmico presentes no motor de buscas do Google são mobilizadores de hipóteses, produzindo questionamentos sobre as formas de produção de sentidos gerados pelas lógicas algorítmicas do motor de buscas do Google, a partir da entrega de resultados de pesquisa racializados e postos em circulação midiática, acionam circuitos afro-referenciados, inscritos em diferentes plataformas digitais, e meios jornalísticos? Como os circuitos afro-referenciados e os meios jornalísticos tensionam o Google para a alteração destes resultados? A circulação de sentidos (Fausto Neto, 2013; Ferreira, 2013; Rosa, 2019) expõe práticas de resistência a estas opressões raciais produzidas no Google por vieses raciais incorporados aos algoritmos digitais, sendo a circulação um processo de produção de valores sociais (Rosa, 2019). Em vista disso, a midiatização em conjunto com as ações históricas dos movimentos negros como agentes educadores e políticos (Gomes, 2019), foi central para que emergisse iniciativas pulverizadas de letramento racial na sociedade. A partir disso, a configuração de circuitos afro-referenciados se interpõe, oferecendo resistências, denunciando lógicas de racialização nas plataformas digitais como resposta social de enfrentamento às instituições midiáticas promotoras de lógicas algorítmicas racializadas.