Abstract:
A telemedicina é uma modalidade de atendimento médico remoto sem a interação física entre o médico e o paciente. Apesar de exercer um papel na assistência à saúde há muitos anos ganhou notoriedade com a pandemia do Covid-19, pelo risco de contágio nos estabelecimentos de saúde. Mesmo com sua prática na rede e pública e privada, existe ainda uma série de barreiras para a adoção da telemedicina. Considerando essas dificuldades, a tese se debruçou na seguinte questão norteadora de pesquisa: quais são as barreiras à adoção da telemedicina em larga escala no contexto brasileiro? Para responder à questão de pesquisa, o estudo se propôs a investigar a percepção de múltiplos stakeholders em relação às barreiras para adoção da telemedicina considerando dimensões diversas, tendo como base a revisão de literatura e a investigação do campo empírico. O objetivo geral do trabalho foi identificar as barreiras à adoção da telemedicina em larga escala no contexto do mercado da saúde brasileiro. Dentre os objetivos específicos, contextualizar o papel da telemedicina no mercado da saúde brasileiro; identificar na literatura as barreiras à adoção de novas tecnologias e da telemedicina; analisar a percepção de múltiplos stakeholders em relação às barreiras de adoção da telemedicina; categorizar as barreiras para adoção da telemedicina à luz da percepção dos múltiplos stakeholders; compreender as implicações gerenciais das barreiras à adoção da telemedicina. No intuito de captar e entender a percepção dos múltiplos stakeholders oriundos do mercado, o método utilizado foi o focus group, por sua abordagem qualitativa que permitiu atender a expectativa dos objetivos propostos nesse trabalho. Foram identificadas barreiras culturais, financeiras, regulatórias e tecnológicas, sendo todas elas desdobradas em pontos específicas. Nas culturais foram identificados os seguintes: falta de tradição, perfil do usuário, experiência de uso e baixa maturidade científica. Já nas barreiras financeiras, foram identificados os pontos a seguir: investimentos, regras no pagamento e falta de incentivos monetários. Nas barreiras regulatórias, entidades de classe e a LGPD. Nas barreiras tecnológicas, surgiram infraestrutura, qualidade da internet e dificuldade tecnológica. As implicações gerenciais trouxeram proposições em como a telemedicina pode agregar valor para o mercado da saúde, destacando que a adoção telemedicina envolve todas as esferas de poder nas organizações de saúde, além de requerer planejamento, gerando novos modelos de negócio com maior capacidade de inovação, a considerando apenas como uma das tecnologias da saúde digital e como uma como solução para atendimento médico de baixa complexidade em regiões remotas. Por fim, como uma modalidade de atendimento democrática, a telemedicina deve ser ofertada de forma acessível.