Resumo:
Esta tese analisa os limites e as possibilidades da implementação do empreendedorismo social e solidário na educação superior brasileira, especialmente nas IES privadas, nos cursos de Administração e Tecnólogos. O foco está na inclusão desse tema nos currículos acadêmicos, visando atender às demandas sociais e contribuir na promoção do desenvolvimento sustentável. O empreendedorismo social e solidário é apresentado como uma ferramenta essencial para enfrentar problemas como desigualdade e exclusão social. Objetivou-se entender as definições e abordagens teóricas para fortalecer a educação e a prática do empreendedorismo social e solidário. Compreender as concepções e motivações da comunidade acadêmica sobre educação e formação como cruciais para captar expectativas que orientam o ensino. Buscamos caracterizar e analisar métodos de estímulo à educação para o empreendedorismo social e solidário no ensino superior, permitindo identificar estratégias pedagógicas mais eficazes. Destaca-se também o desafio de descrever os obstáculos político-pedagógicos para a implantação de um currículo específico, considerando as particularidades do ambiente acadêmico. A produção de subsídios para a educação nesse campo avançaria na consolidação do tema nos cursos de negócios do Distrito Federal. A pesquisa fundamenta-se em um modelo teórico-analítico sustentado por autores como França Filho, Gaiger, Hespanha, Laville, Polanyi e Mauss. O conceito de empreendedorismo com causa e a interseção entre social e solidário exploram as convergências e especificidades desses enfoques. As abordagens sobre economia solidária, junto aos princípios de Polanyi e Mauss, oferecem uma visão teórica sobre práticas econômicas baseadas na reciprocidade e mutualidade. A sociologia das ausências e emergências, de Santos, revela alternativas inclusivas no empreendedorismo, destacando práticas silenciadas pelo modelo econômico dominante. As teorias de Bourdieu ajudam a compreender as dinâmicas de poder e capital social que moldam o setor. A educação empreendedora plural expande a formação além do individualismo do mercado, enquanto a racionalidade neoliberal é analisada quanto às suas influências na educação e no empreendedorismo. Utilizou-se uma abordagem qualitativa, sendo aplicado um questionário a 286 estudantes de Administração e áreas afins, cujos dados foram tratados, tabulados e convertidos em gráficos e tabelas. Aplicou-se entrevistas semiestruturadas em 24 sujeitos do cenário acadêmico, além de 11 representantes do Conselho Federal e Regional de Administração, cujas falas foram transcritas e analisadas qualitativamente. Foi também realizada uma análise documental das Novas DCNs do Curso de Graduação em Administração, as quais foram interpretadas por meio da análise de discurso. Os resultados indicam que a comunidade acadêmica concorda que o empreendedorismo social e solidário é uma via para um modelo mais igualitário de economia e sociedade. A maioria acredita que a educação sobre conceitos acerca do empreendedorismo é fundamental para uma formação humanizada e deve ser inserida nos currículos acadêmicos. Projetos e iniciativas gerados pelos estudantes têm potencial para reduzir desigualdades e promover práticas empresariais éticas, embora sua implementação enfrente desafios significativos e haja muito trabalho pela frente, para efetivá-la.