Abstract:
Em tempos de neoliberalismo, de ideologia da prosperidade, as Imagens Sagrado-Profanas, os rituais e festas que as rodeiam, são vendidos no mercado; Apesar disso, as festas populares são espaços essenciais de integração das tradições heterogéneas que constituem as nossas comunidades. A presente pesquisa busca compreender o papel de Las Parrandas de Remedios em Cuba e La Peregrinação de Nossa Senhora do Cisne (NSC) no Equador, nos processos de subjetivação social em cada comunidade onde se desenvolvem. Para isso, em primeiro lugar, analisamos as qualidades ou potencialidades das nossas festas para vincular e expressar os diferentes projetos históricos existentes nas nossas comunidades. Em segundo lugar, analisamos como os festivais ligam projetos comunitários dentro e através do mesmo horizonte utópico. Terceiro, analisamos comparativamente e criticamente os nossos dois festivais com vista a identificar elementos comuns essenciais. E quarto, expomos a construção virtual e/ou potencial de relações interculturais, cujo horizonte necessário é a emancipação dos oprimidos. Na parte teórica construímos os SentisPraxisPensares (SPPs), teorias-práticas que transitam entre o romantismo e a melancolia, um diálogo entre os marxismos críticos europeus e latino-americanos, os feminismos comunitários, a teologia da libertação e a decolonialidade. Na parte metodológica construímos uma etnografia experimental e multissituada para a análise comparativa e crítica das duas festividades. O estudo concluiu que as Imagens Sagrado-Profanas, os ritos e festas que as rodeiam, são tempo-espaço de exceção-ruptura, regeneração, metamorfose ou sublimação estética de uma cultura afirmativa. Os festivais expõem a essência do projeto barroco fundador (segregação-apartheid e estetização original), do republicano e do neoliberal; mas principalmente expõe nossas diversas raízes, a contramestiçagem, a retombée Carinebeño ou a Pachacutec andina. Trata-se de recuperar utopias comunitárias para mobilizar a construção emancipatória das nossas comunidades. Delineamos a metodologia dos SPPs, para passar da virtualidade potencialmente emancipatória das festas, à sua construção objetiva em comunidade. Conseguimos conceituar os SPPs, os SPPs festivos e os SPPs místicos.