Abstract:
Esta Tese tem como objetivo problematizar os modos de subjetivação de estudantes atravessados pela avaliação no Ensino Médio, tendo como campo empírico, duas escolas da Rede Jesuíta de Educação (RJE). Esta pesquisa investiga como a avaliação, ocupando lugar de centralidade nas práticas pedagógicas, subjetiva os estudantes do Ensino Médio, considerando a sua função e o seu impacto no ambiente escolar, sobretudo no contexto contemporâneo, em que a mensuração e o desempenho se tornaram os principais parâmetros de qualidade. Utilizando os conceitos de discurso e de subjetivação de Michel Foucault, como ferramentas analíticas, foram realizados grupos focais com alunos da 2ª série do Ensino Médio, a fim de entender como esses jovens percebem e vivem as práticas avaliativas. Para isso, discutimos a força da racionalidade neoliberal que transforma a avaliação no grande farol da educação no presente, abrindo duas dimensões de análise: a) o quanto a avaliação, da forma que vem sendo realizada, tem se colocado de modo contraditório, funcionando como o outro do estudo, produzindo sofrimento psíquico; e b) ainda a importância da escola em atividades formativas que vão para além da super concorrência e da medição de resultados. Entendo que precisamos problematizar essas práticas discursivas e não-discursivas que pressionam os alunos a um desempenho excessivo, a ponto de levá-los ao adoecimento e ao sofrimento psíquico como um modo desejável de subjetivação. Questiono a ideia de que a avaliação deva ser sempre prazerosa e divertida, pois isso pode se alinhar ao imperativo contemporâneo da felicidade, que se torna uma nova forma de servidão, transformando alunos e famílias em clientes. Defendo uma avaliação que esteja vinculada ao processo de estudo e à formação humana.