Resumo:
A docência tem se constituído atualmente como uma profissão produtora de adoecimento. Considerando esse aspecto, o presente estudo aborda a temática da saúde mental no contexto da educação, tendo como objetivo analisar os desafios da saúde mental do docente no processo de ensino, com vistas à promoção da saúde e bem-estar do docente que atua nas séries iniciais do Ensino Fundamental, em escolas filantrópicas da Rede Jesuíta de Educação de Teresina. Os estudantes que estudam nas escolas filantrópicas, em sua maioria, vêm de família de baixa renda que vivem em situação de vulnerabilidade que se refere à condição em que eles enfrentam desafios emocionais, sociais, acadêmicos ou de saúde e que podem os tornar mais suscetíveis a dificuldades e necessitar de apoio adicional. O estudo também apresenta a relação entre o trabalho docente e a saúde mental, apontando fatores que podem ser desencadeadores do adoecimento psíquico, bem como estratégias de prevenção, que podem ocorrer, inclusive, por meio da espiritualidade e do olhar sensível da gestão. Bem como a questão da vulnerabilidade social trazida pelas escolas filantrópicas que tem como público alvo, estudantes que podem vivenciar no seu dia a dia situações de fome, violência doméstica, abusos, alcoolismo, maus tratos, etc. A pesquisa apresenta abordagem qualitativa, classificada como exploratória e como metodologia foram utilizados autores de referência que abordam a temática da saúde mental no contexto do trabalho, bem como a filantropia e a vulnerabilidade social. Tais como: Merlo, et. al; Moronte; Tostes; Silva; Paz; Vital e Urz, et. al. Para coleta de dados foi utilizada entrevista semiestrutura, realizada com oito professores, sendo quatro de 3º Ano e quatro de 4º Ano, todos atuando no Ensino Fundamental. A entrevista segue um roteiro de catorze perguntas, sendo cinco objetivas e nove subjetivas. Nas perguntas são abordados os seguintes aspectos: tempo de trabalho na docência, autoavaliação da saúde mental pós pandemia, fatores que afetam o contexto do trabalho, a interferência da saúde mental no processo de ensino dos estudantes, a instituição educacional e a prevenção de problemas com a saúde mental, principais consequências da pandemia na rotina docente, estratégias para o cuidado com a saúde mental, suporte profissional para lidar com problemas relacionados à saúde mental e a influência da vulnerabilidade social de escolas filantrópicas e a saúde mental do docente. Os resultados mostram que todos os entrevistados entendem que muitos fatores podem desencadear o adoecimento mental, porém o contexto da vulnerabilidade do estudante, pode trazer ainda mais problemas à sua saúde mental. Desse modo, ao ver os resultados da pesquisa, entende-se que conhecer os sinais de adoecimento mental vem como um elemento estratégico essencial para prevenção na minimização dos prejuízos emocionais que possam atrapalhar e até mesmo afastar o docente de suas atividades laborais. Assim, a presente pesquisa apresenta como proposta de intervenção um protocolo de apoio interno, junto às lideranças das instituições pesquisadas, com orientações básicas para fortalecer ações de prevenção e promoção da saúde mental, podendo ser estendido a todas as unidades educativas da Rede Jesuíta de Educação.