Resumo:
A colaboração vem despertando o interesse da comunidade acadêmica durante as últimas décadas. Esta estratégia visa obter acesso a recursos externos, que muitas vezes podem não estar disponíveis ou no alcance da organização. O intuito da estratégia de colaboração é obter vantagens competitivas e a sobrevivência no mercado. Dessa forma, diante da colaboração, corporações engajam com startups para facilitar o processo de inovação e para solucionar problemas, na outra ponta startups engajam com o intuito de acessar recursos externos e pela facilidade de acessar mercados. No entanto, pouco se sabe sobre as práticas do processo de colaboração pela perspectiva das startups. Argumenta-se que existem microfundamentos específicos mobilizados ao longo do tempo para gerenciar e garantir os resultados da colaboração. Com isso, o presente trabalho visa analisar como as startups estabelecem um conjunto específico de microfundamentos para colaborar com corporações. Para atender ao objetivo geral, foi conduzido um estudo de caso múltiplo a partir da relação colaborativa entre 8 startups e uma cooperativa agroindustrial. Para tal análise foram consideradas entrevistas com perguntas abertas a respeito do processo de colaboração como fonte de dados primárias. Os dados compilados foram transcritos e analisados por meio da técnica análise de conteúdo e codificação. Como principais achados, ressalta-se diferentes microfundamentos mobilizados ao longo de etapas do processo de colaboração, (1) Preparação/início, (2) Colaboração e (3) Resultados, em adição foi possível verificar uma etapa pré-inicial, ressaltando o papel do envolvimento ativo dos indivíduos dentro das atividades de um ecossistema de inovação. Verifica-se que startups desenvolvem rotinas e processos para adaptar sua tecnologia e solução a partir das necessidades identificadas pela empresa consolidada, além disso, múltiplas características nos níveis individual e da startup) interferem no nível (colaboração e contexto) nota-se também a influência dos fatores contextuais no processo (e.g. ecossistema de inovação, incentivos políticos e regionais). A colaboração pela ótica das startups é moldada pelas suas características que perpassam os diferentes níveis e fases do processo, bem como pela habilidade da startup de adaptar suas estruturas conforme as oportunidades e estímulos oriundas do ambiente externo.