Resumo:
Durante a Primeira República, o processo de imigração e colonização que se desenvolvia no Rio Grande do Sul a quase um século sofreu novas modificações. Tempo de várias mudanças legislativas e governamentais na adequação para os objetivos e interesses desse novo período político, a questão de terras e colonização foi também alvo de atenção, a nível estadual e federal. No Rio Grande do Sul as preocupações sobre a forma de gerenciamento das terras ainda devolutas, onde se vislumbrava sua finitude, bem como uma preocupação da inserção da população colonial na sociedade e economia rio-grandense, estiveram presentes nas discussões legislativas e nos projetos colocados em prática pelos órgãos governamentais. Responsável pelos núcleos coloniais públicos criados ainda durante o Império, o governo perrepista, a partir da Diretoria de Terras e Colonização passava tanto a administrá-los, como também a projetar projetos coloniais próprios, tanto para atender a uma forte demanda por novos espaços coloniais, como também para que fossem executadas da maneira que melhor entendiam. É nesse contexto que em 1908 é criada a Colônia Erechim, no município de Passo Fundo, e em 1915 cria-se a Colônia Santa Rosa no município de Santo Ângelo; principais núcleos coloniais públicos no século XX, tiveram o caráter heterogêneo dos empreendimentos públicos anteriores – Ijuí e Guarani principalmente – ampliado, cada qual com suas particularidades em sua conformação e desenvolvimento. Porquanto na Colônia Erechim o caráter misto é observado principalmente na diversidade étnica de imigrantes e seus descendentes oriundos das colônias velhas, em Santa Rosa o grupo classificado pelo governo como nacional compunha a maioria da população, muito por conta da criação do Serviço de Proteção aos Nacionais (posteriormente expandido para Erechim). Isto posto, esta tese tem por objetivo, a partir do uso da História Comparada, analisar e discutir estes projetos coloniais públicos mistos de Erechim e Santa Rosa, desde o contexto e discussões que precederam o ato da criação, as administrações de cada núcleo, a forma como o caráter misto foi implantado em cada uma e os possíveis conflitos que emergiram destes espaços rurais e de composição étnica diversa.