Resumen:
Neste trabalho, falo sobre como se distorce a biotecnologia na produção de alimentos. Com isso, refiro-me à forma como somos levados a perceber e tratar o desenvolvimento e a aplicação de práticas oriundas de biotecnologia. Em especial, faço menção aos organismos geneticamente modificados. Partindo de um referencial marxista, explico que existem duas formas primordiais de distorção identificadas por Marx. A primeira é o fetichismo, o qual se refere à atribuição de propriedades a algo sem que este algo as possua de fato, mas pareça possuí-las por si mesmo. A segunda é a ideologia, que se refere ao pensamento da classe dominante o qual se generaliza, fazendo com que os interesses e pensamentos da manutenção da sociabilidade vigente se tornem interesse de todos. Abordo, ainda, na sequência, como essas duas formas de distorção se
manifestam na tecnologia em geral. O fetichismo se manifesta na tecnologia, fazendo com que se atribuam as mudanças na sociedade à técnica e à tecnologia, e não aos eventos de grandeza social que originam a tecnologia. A ideologia atua sobre a tecnologia, permitindo que o processo de adoção das técnicas seja visto como neutro e alheio à tensão interna da própria sociabilidade que origina esse processo de desenvolvimento técnico. Adicionalmente, a ideologia propaga a ideia de que vivemos em uma era excepcional, orientada pela razão e pela inovação técnica. Por fim, abordo como essas duas formas de distorção se manifestam sobre a biotecnologia para a produção de alimentos. O fetichismo atua fazendo com que os organismos geneticamente modificados sejam vistos, por seus apoiadores, como eles próprios os causadores de melhoras na relação entre a produção e o meio, e como causadores de dano ambiental e social por seus opositores. Em ambos os casos, atribuem-se propriedades e poderes de ordem
social à biotecnologia que gera os transgênicos de forma a se caracterizar o fetiche. A ideologia faz com que os organismos geneticamente modificados sejam tratados como puramente opção racional para que se alcance o bem da população como um todo, ocultando, assim, a influência da sociabilidade por trás de sua origem e aplicação. Como principal conclusão, indico que qualquer discussão sobre organismos geneticamente modificados e a biotecnologia não pode ser centrada unicamente em seu produto imediato, e sim na complexa gama de fatores determinantes ao desenvolvimento técnico.