Resumo:
Este estudo buscou compreender como uma professora de educação infantil de uma escola pública participante do Observatório da Cultura Infantil - OBECI desenvolve sua prática pedagógica de modo que favoreça às crianças a articularem seus saberes e experiências com o conhecimento sócio-histórico. Partindo-se da hipótese que currículo é ação produzida entre crianças e adultos e, para alcançar um modo de fazer que responda àquilo que é proposto por ele, é necessário olhar para duas dimensões: (1) reconhecer a criança como centro do processo educativo e a natureza de sua aprendizagem; (2) oportunizar à criança as condições externas a partir de um adulto que responda às suas iniciativas. A concepção curricular vigente, amparada na legislação brasileira, foi o ponto de partida e farol orientador deste estudo. Assim, foi traçado, brevemente, o percurso histórico da educação infantil desde a Constituição Federativa do Brasil, de 1988, até a homologação da Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil, de 2017, a partir de Oliveira (2010; 2013); Guimarães (2011); Fochi (2013; 2015a; 2015b; 2016; 2019; 2020a; 2020b; 2021a; 2021b; 2022a; 2022b; 2023); Pecoits (2021); e, Fochi e Heming (2023). A partir disso, empreendeu-se uma discussão acerca da aprendizagem da criança, sustentada especialmente nas contribuições de Dewey (1940; 1959; 1965; 1971; 2002; 2008); Dennison (1972); Rogoff (1993); Bruner (1996; 1997; 2001; 2006; 2008; 2013); Brougère (2013a; 2013b; 2013c); Morin (2021); Infantino (2022); e, Ingold (2022) explorando conceitos como curiosidade, experiência, agência da criança, construção de significados, práticas sociais e vida cotidiana e, construção do conhecimento. A pesquisa, de natureza qualitativa, foi desenvolvida por meio de um estudo de caso instrumental único (CRESWELL, 2014). Assim, o caso da investigação foi como a professora referência Carolina apoia e promove a aprendizagem das crianças da faixa etária 3, da Escola Municipal de Educação Infantil João de Barro, integrante do OBECI, pautado na análise de notas de campo e protocolo observacional, entrevistas, fotografias, vídeos e documentos como o processo documental e as comunicações produzidos pela professora e pelas crianças, bem como a proposta político pedagógica da escola. Do processo de análise de dados desta pesquisa, com base em Creswell e Creswell (2021), considerando a triangulação de dados proposta por Yin (2015), emergiram duas categorias analíticas: A primeira categoria convida a reflexão sobre a oferta de condições feita pela professora Carolina às crianças da faixa etária 3, especialmente, aquelas que estão relacionadas a organização do contexto educativo e perpassam os organizadores da ação pedagógica – espaço, materiais, tempo, grupos e relação adulto e criança. A segunda, discute às escolhas, convites e posturas assumidas pela professora, em relação a vida cotidiana e as investigações conduzidas junto das crianças. Ambas, na busca por favorecer a articulação dos saberes e experiências das crianças com o patrimônio sócio-histórico.