Resumen:
A pandemia de COVID-19 e o isolamento social serviram como lentes de aumento e acentuaram as desigualdades sociais, fazendo com que aqueles que encontravam na escola um espaço público com oportunidades para todos, se vissem praticamente isolados de qualquer tipo de acesso à educação. O cenário contemporâneo da educação no Brasil já configurava inúmeras crises e demandas no contexto anterior ao pandêmico. Diante disso, esta pesquisa trata de práticas docentes no período pandêmico para enfrentamento das desigualdades educacionais de estudantes. A pesquisa tem o objetivo geral de compreender as práticas docentes em tempos pós-pandêmicos e as relações com o enfrentamento de desigualdades educacionais dos estudantes de uma escola pública estadual de Ensino Médio de São Leopoldo/RS. Já, os objetivos específicos são: identificar e registrar as práticas docentes antes, durante o período pandêmico (2020/2021) e pós-pandêmico, especificamente no ano de 2022; mapear as percepções dos docentes sobre a relação das suas práticas e as influências nos percursos escolares
dos estudantes; e analisar as práticas docentes e as suas percepções à luz da literatura. No referencial teórico, trago os conceitos de “prática docente” e “sucesso e insucesso escolar” sob a ótica de vários autores clássicos e contemporâneos. A dissertação buscou responder à seguinte pergunta de pesquisa: quais as relações das práticas docentes com o enfrentamento das desigualdades educacionais dos estudantes do Ensino Médio no período pós-pandemia (2022) em uma escola estadual de Ensino Médio no município de São Leopoldo? O estudo foi de abordagem qualitativa, mais especificamente um Estudo de Caso, com a produção de um Estado do Conhecimento, aplicação de questionário e realização de entrevistas com docentes. A metodologia utilizada nesta pesquisa, inicia-se com a Revisão de Literatura inspirada no Estado do Conhecimento; a escolha pelo método de Estudo de Caso através de questionário com docentes e entrevistas reflexivas
com os mesmos docentes. A análise dos resultados obtidos pelos instrumentos da pesquisa baseou-se na Análise de Conteúdo, no qual constatou-se que os docentes
pesquisados não mudaram suas práticas docentes após o período de retorno das aulas presenciais, no pós-pandemia. Os professores tiveram que se preocupar com diversos fatores tais como a implementação de aplicativos para as aulas remotas e conectividade dos estudantes, deixando a elaboração de práticas docentes qualificadas em segundo plano. No retorno às aulas presenciais, docentes tiveram que receber os estudantes com problemas emocionais e com “vícios” de mau uso das tecnologias digitais. A formação oferecida aos professores pelos gestores foi insuficiente e a formação a partir da experiência ocasionada pela pandemia não ocorreu de forma substancial. As práticas docentes, juntamente com fatores socioeconômicos, entre outros, têm relação com as desigualdades educacionais, mas é preciso boa formação inicial e continuada dos docentes e valorização da educação pelo poder público, o qual necessita se responsabilizar pelas ferramentas para que os professores possam exercer suas práticas com qualidade, sem sobrecarga profissional.