Resumo:
A revista National Geographic, fundada em 1888, teve como objetivo, durante todo o século XX, produzir matérias que divulgassem lugares e culturas tidas como diferentes e exóticas. A América Latina, neste sentido, era considerada um vasto campo de exploração. Propomos aqui que a revista, ao financiar viagens de reconhecimento e exploração da América do Sul, alimentou um vetor da política do governo norte-americano que, encerrada a Guerra Hispano-Americana (1898), iniciava uma nova fase de suas relações com a América Latina. Neste sentido, a proposta desta pesquisa é a de, a partir das matérias veiculadas em três edições da National (1913, 1915 e 1916), referentes às expedições chefiadas por Hiram Bingham à Machu Picchu, analisar a forma como o Peru e sua sociedade são apresentadas no periódico. Apesar dos textos que acompanham as matérias, bem como os relatos de viagem de Bingham (1911 e 2010) serem igualmente matéria de exame, concederemos especial atenção às quase 300 fotografias que acompanham as reportagens. Desde o século XIX a revista utilizava fotografias ilustrando suas reportagens e buscando captar o interesse do público leitor. A fotografia era vista como neutra e imparcial, produtora de dados objetivos sobre a realidade, o que supunha mais confiabilidade para o seu conteúdo. A partir do “evento” descoberta de Machu Picchu, pretendemos demonstrar que, muito além de mera ilustração, as fotografias presentes nas duas referidas edições, representavam a maneira como a América Latina, e mais especificamente, o Peru, eram percebidos e representados.