Resumen:
Este estudo foi elaborado a partir de uma lacuna na literatura quanto às atividades dos orquestradores de ecossistemas regionais de inovação (ERIs). A compreensão dessas atividades é essencial para promover o desenvolvimento dos ERIs, o que pode acelerar a transformação das cidades e regiões. Embora os ERIs possam surgir de forma espontânea, existe um conjunto de fatores que precisa ser combinado para o estabelecimento eficaz de um ecossistema de inovação. Este trabalho objetivou compreender os principais papéis e atividades dos orquestradores de ecossistemas regionais de inovação. Neste estudo, optou-se pela utilização do método de estudo de caso, com foco no programa "Inova RS", lançado em 2019 pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (SICT) do governo do Rio Grande do Sul. O objetivo desse programa era integrar o estado gaúcho no cenário global da inovação. Para isso, adotou-se uma abordagem qualitativa exploratória, enfocando quatro ecossistemas regionais de inovação (ERIs): dois mais fortalecidos e dois menos fortalecidos, sob a perspectiva do programa. O embasamento teórico deste estudo foi construído por meio de uma revisão sistemática da literatura, abrangendo conceitos como ecossistemas de inovação, orquestração, hélice quadrupla e as diversas dimensões da orquestração. A coleta de dados foi realizada através de dados secundários e primários, contemplando quatorze entrevistas de atores representantes do Programa em âmbito estadual e das quatro unidades de análise. O mapeamento dos entrevistados foi conduzido utilizando a técnica da bola de neve e evidenciou que a maioria dos coordenadores estava vinculada à hélice acadêmica. Os critérios adotados para essa definição, segundo os gestores do programa, foram: o envolvimento dos atores no ERI, a integração da hélice acadêmica da macrorregião, a compreensão do propósito do Programa e a geração de senso de pertencimento por parte das partes interessadas. Como o objetivo geral da pesquisa foi o de compreender os papéis e as atividades-chave dos coordenadores de ecossistemas regionais de inovação, o estudo avança em relação a estudos anteriores ao promover a expansão do modelo de “orquestração” e a validação de sua aplicabilidade no contexto do caso estudado, que se desdobra em oito ecossistemas de inovação regionais, sendo assim, diferente de estudos anteriores, observa-se a aplicabilidade dos elementos em contextos de ecossistema regionais de inovação. A análise revelou a presença das sete dimensões da orquestração no "Inova RS" e identificou um total de vinte e nove atividades-chave. Além disso, observou-se uma atuação mais constante dos coordenadores que recebem bolsas do governo, conhecidos como Gestores de Inovação e Tecnologia (GITs). O estudo também ressaltou diversos fatores que afetam a orquestração dos ERIs, com ênfase no papel das universidades, eventos, disponibilidade para inovar, comunicação, conhecimento e a importância da gestão do conhecimento, bem como o conceito de coopetição (colaboração versus competição). Com base nessas descobertas, o estudo contribuiu com quatro proposições abordando pré-requisitos, alavancagem e consolidação dos ERIs. Por fim, a partir das inferências do campo, emergiram oito novas atividades-chave que podem ser de auxílio para gestores públicos e privados no desenvolvimento e fortalecimento dos Ecossistemas Regionais de Inovação.