Resumen:
O objetivo deste estudo é analisar o impacto das ditaduras no Brasil e na Argentina, entre
1964 e 1985, na vida de imigrantes europeus e seus descendentes. O foco da pesquisa está na investigação de cinco trajetórias, indivíduos entendidos como protagonistas na luta contra as práticas autoritárias institucionalizadas pelos regimes ditatoriais. O estudo busca compreender as dinâmicas e movimentações desses sujeitos nos cenários sociais e políticos do Brasil e da Argentina nas décadas de 1960 e 1970. Ambos os países
receberam um grande número de imigrantes após 1945, incluindo aqueles que haviam
sido afetados pela guerra ou pelos regimes nazista, fascista e stalinista. Durante as décadas de 1960 e 1970, muitos desses estrangeiros já estavam estabelecidos com suas famílias, porém, enfrentaram um contexto político conturbado, caracterizado por discursos anticomunistas e conservadores influenciados por ideologias de extrema-direita. A pesquisa utiliza diversas fontes, como documentos de arquivos públicos, instituições, bibliotecas digitais e hemerotecas. As ditaduras brasileira e argentina, estabelecidas em 1964 e 1976, respectivamente, afetaram profundamente os estrangeiros, especialmente aqueles de origem judaica, resultando em repressão, perseguição, censura, violência e marginalização social, condição agravada pelas relações transnacionais entre países do Cone Sul na chamada Operação Condor. Acredita-se que houve práticas de xenofobia e antissemitismo durante as ditaduras, principalmente na Argentina. Conclui-se, assim, que o impacto dos regimes militares na vida dos estrangeiros foi agravado pelo histórico de perseguições vivenciadas por suas famílias na Europa, durante o período do nazifascismo e stalinismo.