Resumen:
Esta dissertação de mestrado se propôs a analisar o processo de legitimação do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) ao ingressar no comércio tradicional de alimentos, sob uma perspectiva decolonial. O estudo procurou identificar as estratégias utilizadas pelo Movimento e analisar a percepção dos consumidores, além de explorar as tensões inerentes à aproximação de um movimento social reivindicatório com as lógicas do mercado capitalista. As correntes teóricas decoloniais foram escolhidas por compreender que a realidade que levou à criação do MST foi moldada por um contexto histórico e econômico que gerou condições sociais persistentes que ainda precisam ser abordadas. Além disso, a própria identidade do MST demanda tal abordagem, uma vez que o Movimento construiu e preserva um ethos próprio. As teorias de legitimação e de mercados contestados foram relevantes para compreender e explorar as estratégias adotadas pelo MST para garantir sua viabilidade econômica, o fortalecimento de suas pautas e sua visibilidade perante diversos setores da sociedade. O estudo utilizou uma abordagem multimétodos, de caráter qualitativo. A análise revelou que, embora ainda seja um movimento contestado, o MST está em um processo de legitimação. O Movimento lança mão de abordagens transmodernas, o que leva ao fortalecimento de sua legitimação como estratégia de diferenciação. Por fim, o estudo convida ao debate sobre o papel social dos mercados, bem como indica a importância de avançar em estudos futuros que apoiem a construção de novas realidades sociais.