Abstract:
A presente pesquisa visa compreender a relação das crianças ribeirinhas
marajoaras da Vila de Ponta Negra - Marajó/PA com o seu meio circundante a partir
de suas percepções, narrativas e vozes e dos saberes advindos desta relação. Para
o percurso investigativo, mergulhei nas vivências das crianças ribeirinhas, por meio
das experiências com o rio, dos saberes ancestrais, do vocabulário, das
brincadeiras, do imaginário, das lendas e dos mitos, pois, inserida no contexto da
pesquisa com crianças, entendo que elas são importantes fontes de diálogo com
esse universo. Desta forma, levantei a seguinte questão-problema: como as crianças
ribeirinhas da Vila de Ponta Negra - Marajó/PA percebem e se relacionam com o
lugar onde moram? Para responder a este questionamento: analisei as narrativas
das crianças ribeirinhas acerca dos saberes que emergem de sua relação com o rio
e a floresta; e identifiquei os sentidos e significados das vivências culturais para elas.
Para tanto, utilizei duas categorias de análise: Viver as margens dos rios e Brincar
as margens; que foram divididas em subcategorias, sendo elas: as regras do rio; os
saberes ancestrais; as palavras que brotam do rio; as brincadeiras submersas; o
imaginário, as lendas e mistérios. Este estudo adotou a abordagem qualitativa, com
ênfase na pesquisa com crianças. Os participantes da pesquisa foram dez crianças,
entre quatro e cinco anos, que, por meio de suas vozes, desenhos e fotografias,
deram visibilidade às crianças ribeirinhas da Vila de Ponta Negra - Marajó/PA. Para
a interpretação dos dados, utilizei o método da triangulação que, por meio das
narrativas das crianças ribeirinhas, foi possível identificar diferentes saberes que
emergem da experiência intrínseca com o rio e a floresta. As narrativas das crianças
trazem ensinamentos de que é necessária, para os tempos atuais, a prática de
novas pedagogias de saberes. Pedagogias que ajudem a criar em nós e no outro o
compromisso, como os dos ribeirinhos, de cuidar da nossa casa comum, o planeta
que habitamos, olhando com mais força para as experiências dos nossos ancestrais,
dos nossos povos originários, como o povo ribeirinho.