Resumen:
Essa tese objetiva dar visibilidade na trajetória de luta e resistência das mulheres contra
o patriarcado na História de Porto Alegre através da análise de contexto sobre Porto Alegre no final do século XIX. Busco entender e dar visibilidade sobre as origens da luta feminista e as conseqüências do sistema de dominação masculina contra as mulheres. Orientada por uma História Feminista analiso três processos criminais do final do século XIX e percebo que mulheres lutaram pelo posicionamento de suas narrativas, construindo uma base que hoje orienta os direitos das mulheres. Através dessas três experiências consigo entender como a Justiça, orientado por um pensamento de mundo cisgênero-hétero moderno/colonial foi um mecanismo do patriarcado, dando aval ao silenciamento das mulheres que a procuravam e não responsabilizando os homens pelas violências cometidas. Defloramento, abandono, estupro, pedofilia e gravidez indesejada são algumas das violências de gênero que percorrem as experiências analisadas. Localizo também os homens, contextualizando suas práticas dentro do patriarcado, uma trama construída através de práticas ideológicas e institucionalizada no final do século XIX. Evidencio que através da imposição da dicotomia entre mulher privada e pública
institucionalizada no final do século XIX e da família hétero-cisgênero moderna/colonial e
monogâmica, o sistema abre brechas para que os homens usufruam do corpo, do trabalho, do tempo, do afeto e da reprodução das mulheres.