Resumen:
A partir de processos-criminais, ocorrências policiais, relatórios de ronda e notícias de jornais, o presente trabalho visa compreender como os modelos de masculinidade(s) se faziam presentes no cotidiano de policiais em Porto Alegre nos anos finais do século XIX. Através de uma perspectiva de análise interseccional, procuramos vislumbrar como atitudes e características associadas à honra, virilidade, autoridade e dominação marcavam as ações destes homens fardados, aliadas às estruturas racistas e patriarcais que constituem a instituição policial brasileira. Com base em conflitos nos quais esses indivíduos se envolviam, percebese que a motivação para muitos dos atos de violência praticados por eles estava associada a afirmação ou reconhecimento de masculinidade(s). Estes aspectos constitutivos das ações e comportamentos policiais são analisados não apenas nos momentos de trabalho, através da repressão aos populares, mas também em períodos de exceção, como a guerra Federalista, e de sociabilidade, no espaço do lar, dos bares e das ruas, onde se relacionavam com diferentes atores sociais da cidade.