Resumen:
O presente trabalho é um movimento tecnometodológico em busca das atualizações do construto de espectador nos serviços de vídeo streaming Netflix, Amazon Prime e Globoplay. Se os serviços de vídeo streaming têm se demonstrado um fenômeno potente, capaz de mexer com as estruturas e paradigmas da indústria do audiovisual, esta pesquisa se orienta no sentido de prescrutar como se dá a relação desses serviços com o espectador. Com um problema de pesquisa elaborado a partir do método intuitivo de Henri Bergson e de uma visada tecnocultural (que compreende cultura e técnica como mutuamente influentes), esta tese explora como o construto de espectador se atualiza nos serviços de vídeo streaming. Para tanto, estabelece balizas históricas acerca do construto de espectador, a partir da leitura de Arlindo Machado, Villem Flusser e Jonathan Crary. Em direção aos serviços de vídeo streaming, propõe-se compreendê-los enquanto dispositivos, redes relacionais formadas por elementos heterogêneos, organizados em vias da subjetivação do espectador. Em seguida, lança mão da arqueologia das mídias, fundamentada a partir de Erikk Huhtamo e Charles Musser, propondo que a relação entre espectador e dispositivo se dá a partir da chamada prática de telas. Estabelecidas as premissas teóricas, avança-se sobre os serviços de vídeo streaming e se propõem três atualizações: o espectador coletivo, o espectador ordinário e o espectador protagonista. Ao fim, é reproposta a figura do espectador-final, uma atualização que pretensamente reúne diversas características da virtualidade espectatorial em uma mesma prática e que constantemente emerge ao se analisar as práticas de telas.