Resumen:
Objetivos: O objetivo desse estudo era investigar a associação entre religiosidade e o uso de drogas ilícitas (drogas consideradas ilegais no Brasil tais como cannabis, cocaína, ecstasy, oxy e inalantes) entre estudantes de uma universidade do centro-oeste brasileiro. Métodos: trata-se de um estudo transversal de base universitária cuja população foi constituída por 2.188 universitários, os quais responderam a um questionário autoadministrável padronizado e pré-testado. Foram incluídos todos os estudantes dos cursos da área da saúde regularmente matriculados durante o período da pesquisa, de ambos os sexos e com idade igual ou maior a 18 anos. O desfecho foi o uso na vida e nos últimos 30 dias de drogas. A exposição foi a religiosidade avaliada pelo Índice de Religiosidade de Duke. Para a análise dos dados, foi utilizada a regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: A prevalência de uso de drogas na vida e nos últimos 30 dias entre os estudantes era, respectivamente, 39,5% (IC95% 37,4 – 41,6%) e 16% (IC95% 14,5 – 17,6%). Após o controle para variáveis demográficas, socioeconômicas, acadêmicas e comportamentais, os indivíduos que nunca ou raramente frequentavam os serviços religiosos (religiosidade organizacional) ou praticavam a sua religião (religiosidade não-organizacional) apresentaram prevalências de uso na vida dessas substâncias de 36% (IC95% 17-57%) e 25% (IC95% 10- 42%) maior quando comparados aos que frequentavam ou praticavam regularmente. Além disso, universitários com baixa vivência da religião nos aspectos de sua vida (religiosidade intrínseca) possuíam uma prevalência 79% (IC95% 50-212%) maior de terem feito uso de drogas na vida. Com relação ao uso recente, universitários com baixas religiosidade organizacional, não organizacional e intrínseca apresentaram uma prevalência de uso nos últimos 30 dias de 59% (IC95% 18-214%), 33% (IC95% 5-68%) e 2,2 vezes maior (IC95% 1,54-3,14) do que os com alta religiosidade, respectivamente. Conclusão: Os resultados sugerem que a religiosidade pode ter um papel protetor na experimentação e no uso recente de drogas entre os universitários.