Resumo:
Esta tese discute as relações entre o Rio Grande do Sul e os Açores, apontando ligações entre as partes em âmbito político e geográfico, especialmente após a autonomia político-administrativa do Arquipélago, em 1976. Ao longo do texto, será necessário retroceder no tempo para entender o caminho dos açorianos no Rio Grande do Sul, quando, em meados do século XVIII, ilhéus portugueses foram destinados a povoar os territórios da América Portuguesa, uma estratégia para assegurar a posse das terras pertencentes a Portugal. Tal digressão será suporte para se entender os desdobramentos dessa história, ao longo do século XX, da formação da identidade étnica, a “açorianidade”, que é evidenciada em temas intrínsecos à questão do povoamento do espaço. Trata-se, portanto, de uma história translocal e conectada, tendo como principal aporte metodológico a análise interpretativa de textos e de documentos gerados por instituições públicas e privadas. Apresenta como componentes a etnicidade, “açorianidade”, memória e tradição. Evidencia uma síntese do processo histórico sobre a autonomia do Arquipélago dos Açores, manifestações e principais movimentos que sustentaram a caminhada pela libertação e, depois, a conquista como Região Autônoma de Portugal. Por essa razão, a “atlanticidade” será analisada como fator importante, na história e na economia insular, evidenciada nas conexões com a diáspora açoriana. Salienta o apoio do Governo Regional dos Açores aos açorianos da diáspora, nas inter-relações que promovem a descoberta e redescoberta das raízes de base açoriana nas comunidades migradas para o continente português e para outros países. Conclui que memória e tradição são elementos que embasam ações e relações exemplificadas pelos rio-grandenses, na sustentação do movimento, ao promoverem o reconhecimento e valorização da açorianidade gaúcha, através de instituições constituídas no Rio Grande do Sul.