Resumen:
O objetivo principal desta dissertação é analisar o uso que os imigrantes italianos faziam da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, as condições em que buscavam atendimento, as doenças que apresentavam e como se dava o acesso a essa instituição entre 1875 e 1890. A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, fundada em 1803, testemunhou diversas fases históricas do Rio Grande do Sul, incluindo o crescimento da cidade de Porto Alegre. Em meio a esse processo, destacamos a chegada dos imigrantes italianos no final do século XIX. Os registros dos enfermos da Santa Casa na década de 1870 revelam a presença de italianos recém-chegados à província em busca dessa instituição de caridade. Nas décadas seguintes, os italianos continuaram a recorrer a ela. Nossa hipótese sustenta que o perfil desses imigrantes e as doenças dos recém-chegados mudaram ao longo dos anos. Para responder a essas questões, utilizamos
o Livro de Matrícula Geral dos Enfermos da Santa Casa como fonte, a fim de compreender os trajetos percorridos por esses imigrantes e como o governo lidava com as questões de saúde e assistência a eles. Além disso, recorremos a fontes como relatórios do presidente da província, ofícios e correspondências emitidos por diversos órgãos, como a Inspetoria Geral de Terras e Colonização. A partir do levantamento das fontes, com inspiração na micro-história italiana, utilizamos o método quantitativo e qualitativo. Observamos que, com o aumento dos fluxos migratórios, o Império Brasileiro intensificou a inspeção sanitária em todo o país, providenciando locais para receber e isolar os imigrantes, como hospedarias, hospitais marítimos e lazaretos. Na província do Rio Grande do Sul, alguns desses locais funcionavam de forma temporária. Como resultado, a Santa Casa recebia pagamentos do governo provincial para tratar as doenças dos imigrantes e também para abrigá-los. Nesse sentido, constatamos que
a instituição era utilizada por imigrantes tanto doentes quanto não doentes, revelando diferentes propósitos daqueles que não tinham recursos para custear tratamentos ou hospedagem.