Resumen:
Vivemos em uma sociedade pautada pela tecnologia, em que produtos e serviços digitais impactam todo o corpo social, apesar de não serem construídos pela diversidade de pessoas que o compõe. Essa pesquisa busca, a partir da Justiça pelo Design, propor práticas projetuais para a inclusão de travestis e mulheres transgênero na construção de novas tecnologias. Fundamentada pela discussão dos conceitos de Design Estratégico para a Inovação Social, princípios da Justiça pelo Design e cisgeneridade, a pesquisa se caracteriza enquanto exploratória e qualitativa. A metodologia contempla entrevistas em profundidade, oficina de cocriação, exercício projetual e validação da proposta de artefato com travestis e mulheres transgênero. Entre os achados, discuto a ausência de pessoas transgênero na tecnologia – que resulta no desenvolvimento de tecnologias pautadas pela lógica binária, cisgênero e heteropatriarcal – e a proposição da cisgeneridade enquanto instrumento de transformação – e não de opressão. O artefato proposto é fundamentado nas capacidades do design de ver, prever e fazer ver, que na proposta renomeio para situar, atravessar e manter. O artefato consiste em um conjunto de cartas que tem o objetivo de instrumentar a pessoa cisgênero profissional de tecnologia que já é aliada à causa travesti e transgênero, para que ela provoque reflexões a respeito da diversidade e da inclusão de travestis e mulheres transgênero nos processos de criação de tecnologias.