Resumen:
Este é um trabalho que resulta da pesquisa de processos judiciais, por meio de questionário, cujas sentenças condenatórias pela prática do crime de tráfico de drogas
foram proferidas entre 01/01/2019 e 31/07/2019, visando a elaboração de análise
qualitativa e quantitativa. Foram examinados 264 processos, distribuídos em 52
comarcas do Estado de Mato Grosso, com um total de 386 réus, dos quais 338 foram
sentenciados pela prática do crime de tráfico de drogas dentro do recorte temporal da
pesquisa. Os resultados obtidos confirmam a hipótese da pesquisa de que o Poder
Judiciário contribui diretamente para o narco-encarceramento ao aderir aos movimentos punitivistas para violar direitos e garantias individuais, delinear a política criminal de contenção repressiva do inimigo, perpetuar os estereótipos e rótulos de identificação criminal, aprofundar a exclusão social provocada pelo racismo e pela pobreza e confirmar o sucesso total da prisão, uma vez que foi criada para não cumprir as funções que declara e – na medida em que não as cumpre – atinge seu objetivo. A esta adesão do Poder Judiciário ao populismo penal, cuja orientação principal é o recrudescimento da punição daqueles que praticam crimes previstos na lei de drogas, denominamos narco-punitivismo. Sob o marco teórico da sociologia do crime e da violência, da crítica criminológica e penal, bem como pela orientação jurisprudencial e dogmática, é feita uma análise do perfil do acusado, do sistema de aplicação de penas e do encarceramento em massa das pessoas condenadas pela prática de tráfico de drogas no Estado de Mato Grosso.