Abstract:
A ansiedade e a depressão estão entre as doenças mentais mais prevalentes
na população (HALLSTROM EMCCLURE, 2000). A Organização Mundial da Saúde
(OMS) em seu último relatório afirmou que o Brasil liderava na América Latina com o
maior número de pessoas que sofriam de depressão (em termos absolutos e relativos)
(OMS, 2022). Atualmente, mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem
com a doença, com maior incidência em mulheres (5,1%) do que em homens (3,6%).
O Brasil também está ao lado da Ucrânia, Austrália e Estados Unidos, como uma das
nações com a maior taxa de depressão populacional(5,9%do total, ou cerca de 11,5
milhões de pessoas)(OPAS, 2022). Alguns dados, retirados do Centro de Valorização
da Vida (CVV), organização brasileira sem fins lucrativos que presta atendimento
telefônico a pessoas com tendências suicidas, revelaram a ocorrência de um caso a
cada 43 minutos(CVV,2022). A OMS alertou que cerca de 800 mil pessoas morreram anualmente devido a essas tendências, sendo considerada a segunda causa de morte na população brasileira entre 15-29 anos (OMS, 2022). Segundo Margis et al (2003), a vida contemporânea despertou no homem moderno diversos gatilhos para o desenvolvimento dos sintomas de ansiedade como fatores ambientais, relacionamento conjugal, relações interpessoais, necessidade de se manter no emprego e planejamentos como aposentadoria e preocupações com o final da vida. A vida universitária pode piorar os quadros ansiosos e depressivos, principalmente entre os que já possuem o diagnóstico de ansiedade e depressão anteriormente. Os estudos médicos de graduação são geralmente percebidos como mais estressantes para os alunos em comparação com outros programas de graduação (AZAD et al., 2017). A educação médica pode colocar o estudante de Medicina diante de diversas experiências impactantes sobre sua vida em diversos aspectos. Deve-se lembrar que a maioria dos estudantes é jovem, recém saída da adolescência, e entrando para um ambiente no qual, devem ter suma responsabilidade diante do que veem e aprendem. O impacto que isso pode causar na vida destes jovens refletem em sua saúde mental. (SAMPAIO, 2012). Os achados da literatura mostram que os altos índices de depressão e ansiedade em acadêmicos de Medicina ocorrem pela carga horária extensa, conteúdos sem fim, distanciamento de seus familiares e grandes responsabilidades ao lidar com a vida do próximo (VASCONCELOS, 2015). É importante ressaltar que as consequências podem ser irreversíveis em todos os aspectos da vida destes indivíduos e a importância de se buscar ajuda nos primeiros sintomas deve ser atentada. De acordo com Sampaio (2012), para que o acadêmico de Medicina tenha qualidade de vida durante o ensino medico, necessita de boas noites de sono, saúde física e mental/emocional, e segundo o autor, todos os meios para ajudar a amenizar o estresse destes indivíduos são de suma importância. A prevalência geral dos sintomas depressivos entre estudantes de Medicina
está em torno de 27,2% em nível global e de 30,6% no Brasil (ROSA et al., 2021). Já
em relação a ansiedade Baldassin et al. (2006) analisaram 481 estudantes de Medicina na grande São Paulo mostrando que 79,9%dos acadêmicos possuíam algum sintoma de ansiedade média e que, no mínimo 20,9%tinham ansiedade alta. O prejuízo que a ansiedade pode causar nos estudantes de medicina pode ser irreparável trazendo consequências catastróficas como abuso de álcool, drogas ilícitas e doenças mentais. Pesquisar sobre a prevalência deste sintoma tão frequente no meio acadêmico é de suma importância epidemiológica para rastreio e estabelecer meios de prevenção nessa população (ANDRADE, 2012). Portanto, essa dissertação tem por objetivo determinar a prevalência de ansiedade e depressão nos estudantes de Medicina da Universidade de Rio Verde no estado de Goiás.