Resumen:
Nesta tese faço uma reflexão acerca da interação entre conceitos e percepção para responder “os conceitos influenciam o modo como percebemos o mundo?”. As motivações são os resultados de experimentos empíricos que envolvem a atenção e a linguagem na percepção de cores, na orientação espacial e em atividades em que haja a orientação seletiva da atenção. Ou seja, o objeto de estudo é a relação entre atenção, linguagem e percepção consciente, e expõem a necessidade da atenção para que haja consciência. Como consequência da orientação da atenção seletiva em determinados experimentos ocorre o fenômeno da cegueira não-intencional. Enquanto os participantes atentam para uma atividade outros elementos no campo visual não são atentados e, assim, não são percebidos conscientemente. A atenção é, portanto, necessária para que haja consciência. Assim, há uma hierarquia em relação aos estímulos selecionados para que sejam conscientemente percebidos, salientando a importância do estímulo para o observador, o que pode depender da relação do estímulo com o contexto em questão, sua relevância, familiaridade semântica e expectativa. A atenção, desta forma, possui um papel de selecionar quais informações são dispostas à consciência. São expostos tais experimentos com o intuito de tratar dos elementos conceituais capazes de atrair a atenção e, desta forma, observar o comportamento da atenção seletiva e o surgimento da cegueira-não intencional. Procura-se compreender, sob o ponto de vista da filosofia da mente e da filosofia da linguagem, os mecanismos cognitivos por trás do uso da linguagem, mais especificamente, dos conceitos, utilizando de experimentos empíricos da psicologia experimental como exemplos da interação entre conceitos, atenção e consciência perceptual. A linguagem, de acordo com a linguística, é capaz de guiar a atenção e, por sua vez, a atenção é necessária para que haja consciência. Dentre os elementos da linguagem, trato aqui do estudo dos elementos conceituais os quais possibilitam a atração da atenção e, argumento aqui, são responsáveis em tornar um estímulo importante o suficiente para atrair a atenção. Acerca dos estudos sobre conceitos na história da filosofia, várias teorias surgiram com o intuito de explicar o comportamento conceitual, como a teoria clássica, a teoria dos protótipos, a teoria atomista. Aqui, é adotada a teoria conceitual dos Proxytypes do filósofo Jesse Prinz a qual foi desenvolvida para abarcar as ferramentas bem-sucedidas de teorias conceituais anteriores e postula que todos os conceitos são cópias de combinação ou cópias de representações perceptuais e são originados em circuitos neurais com funções perceptuais ou motoras. Por fim, munido das ferramentas conceituais da teoria dos Proxytypes, parto para a resolução da questão “conceitos influenciam o modo como percebemos o mundo?” ao retomar no final os experimentos descritos ao longo deste trabalho. A atenção interage com a consciência perceptual e, como será exposto aqui, os conceitos são capazes de atrair a atenção por meio de conteúdos intencionais e conteúdos cognitivos. Devido a estes fatores, a atenção é orientada e o fenômeno da cegueira não-intencional pode ocorrer, reforçando a tese de que para haver consciência é necessária a atenção.