Resumen:
Neste trabalho o conceito de amor em Hannah Arendt é discutido: da perspectiva agostiniana ao amor mundi, investigando a presença deste tema a partir do seu primeiro escrito: "O Conceito de amor em Santo Agostinho", seguindo para outros escritos, tais como: "A Condição Humana" e "Origens do Totalitarismo"; e, escritos de Agostinho como "Confissões". Além disso, comentários sobre estes escritos com respeito à proposição do tema, seus desdobramentos e relevância, foram analisados. Em adição, uma análise das três formas de amor enquanto expressão de amor ao mundo e como são refletidas nos escritos arendtianos foi realizada, verificando de que forma a autora qualifica o conceito de amor, no contexto da filosofia agostiniana, redimensionando-o para uma nova forma de amar: o amor mundi. Analisamos estas três formas de amor: amor como desejo, no alcance do bem perene, inseguro; o amor ao próximo, voltado para Deus, para o próximo e para si mesmo e; o amor caritas, mais elevado e voltado para o Eterno, incorruptível. Neste último, a perspectiva de um mundo que se torna espaço de todas as conexões na promoção da ética social e política é discutida, sob a responsabilidade de implicar-se com o outro, consigo mesmo e com o seu entorno. Ainda, foi discutido o amor nas relações
sócio-políticas, concebendo-se um mundo que possa ser ressignificado no contexto
da esfera pública, buscando-se ressaltar o valor do reconhecimento, da reconciliação
e do perdão. Ao analisar a obra de "Origens do Totalitarismo", ressaltamos que no contexto do antissemitismo, imperialismo e totalitarismo, não há perspectivas de
cuidado com o mundo, como espaço de todos, resultante de uma ação política de
compreensão, respeito e responsabilidade com o espaço comum a todos os homens. Em “A Condição Humana” foi discutido o amor mundi na vita activa apresentando o mundo em três dimensões: espaço natural do trabalho, enquanto artifício humano através da obra e, enquanto mundo aparente, através da ação política dos homens. Quanto aos resultados alcançados nesta pesquisa, foi constatada, na filosofia de Hannah Arendt, influências da filosofia agostiniana e a presença da concepção de amor mundi enquanto responsabilidade pelo mundo.