Resumo:
Posicionado em lentes feministas, o estudo envolve uma revisão teórica que explora perspectivas interseccionais e novos olhares para design estratégico, tecnologias sociais e saúde humanizada. Mesmo sendo potenciais aliadas, essa abordagem do design ainda é insuficiente na construção de capacidades funcionais para a ação projetual estratégica contemporânea. Enquanto tecnologias sociais e saúde humanizada sofrem com a falta de visibilidade, o design estratégico falha quando visibiliza os interesses do mercado, e não da sociedade. Mas, através desses novos olhares, implicações teóricas e práticas podem orientar a construção de capacidades feministas para o design estratégico. Capacidades de escutar, recriar e compartilhar descentralizam perspectivas que têm estado no centro para descobrir as perspectivas ocultadas na sociedade. Ações que ajudam designers a se distanciarem de privilégios sociais e se aproximarem de opressões enfrentadas por
pessoas marginalizadas, como ponto de partida para propor soluções tecnológicas para a saúde. São novas formas de sentir, pensar e fazer design que, além de dar visibilidade para as tecnologias sociais e para a saúde humanizada, rompendo com sistemas de opressão dominantes, evitando, assim, que mais designers recaiam em práticas excludentes. As implicações teóricas e práticas das capacidades feministas de escutar, recriar e compartilhar estruturam uma metodologia feminista para a ação projetual estratégica e uma ferramenta de design estratégico para facilitar o desenvolvimento de tecnologias sociais centradas na saúde humanizada. Para aplicação, são recomendadas dez práticas: roda de posicionalidade, perspectivas interseccionais, histórias de vida e reflexão de escutar, exercitadas na primeira capacidade; análise temática, mapas conceituais e reflexão de recriar, exercitadas na segunda; e jornada das pessoas usuárias, sequenciador de funcionalidades e reflexão de compartilhar, exercitadas na terceira. Como resultado, é apresentado um exemplo de aplicação individual da ferramenta, simulando a ação projetual estratégica a partir da questão de pesquisa, entendendo que ela pode ser utilizada em futuros estudos de design e tecnologia, seja no contexto da saúde ou em outros âmbitos.