Resumo:
A presente dissertação teve como objetivo avaliar o nível de estresse e fatores associados entre os trabalhadores da saúde do Estado do Rio Grande do Sul no período da pandemia da COVID- 19. A pesquisa é um recorte de um projeto maior, de delineamento misto, intitulado “Gênero e saúde mental no contexto da pandemia da COVID-19: Impactos psicossociais e produção de vulnerabilidades entre trabalhadores da saúde”, que foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS). Trata-se de um estudo transversal online cuja coleta de dados ocorreu no período entre julho de 2020 e maio de 2021 e contou com a participação de 610 trabalhadores da saúde de diferentes categorias atuantes em hospitais e em serviços de Atenção primária em Saúde (APS). Foi utilizado um
questionário padronizado e autoaplicável que avaliou características sociodemográficas, de condições de saúde, laborais e comportamentais. A escala EVENT avaliou a percepção de vulnerabilidade ao estresse no trabalho. O estresse foi avaliado por meio da escala de estresse percebido (PSS-10). Foram realizadas regressões ordinais para identificar a associação destas variáveis com os níveis de estresse, também estratificando-se entre trabalhadores da APS e de Hospitais. No modelo ajustado com amostra total, tiveram maiores níveis de estresse as mulheres, trabalhadores da APS, aqueles que tinham menor disponibilidade de EPIs, maior percepção de vulnerabilidade ao estresse com relação ao clima e funcionamento organizacional e à pressão no trabalho, que aumentaram o consumo de bebida alcóolica e usavam medicação psiquiátrica não prescrita. Entre os trabalhadores dos hospitais maiores
chances de estresse elevado foram encontradas entre as mulheres, pessoas com cor da pele branca, que tiveram menor disponibilidade de EPIs, usavam medicação psiquiátrica e tinham percepção de maior vulnerabilidade ao estresse quanto ao clima e funcionamento organizacional e à pressão no trabalho. Já entre os trabalhadores da APS se mantiveram associadas a maiores chances de estresse alto a menor renda familiar e percepção de maior vulnerabilidade ao estresse no trabalho quanto à infraestrutura e rotina. Ter mais de 46 anos foi um fator protetor para o estresse. Os achados do estudo contribuem para o planejamento e orientação de ações para reduzir os estressores ocupacionais presentes nos serviços de saúde e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores de saúde.