Resumen:
Este trabalho orientou-se pelas concepções temáticas que circundam a pesquisa sobre a cultura da accountability na territorialização das ações educativas, tomando o território como categoria de análise com o olhar voltado sobre o espaço geográfico que reflete nas relações de poder. Estabelece conexões entre os elementos que orientam a cultura avaliativa na escola e as suas implicações, entendendo a escola como um espaço que se mostra como o resultado constante e inacabado de correlações de forças, interesses, políticas e sentidos. Perseguiu o objetivo de compreender a organização dos atores escolares no processo da arte do contornamento nas territorializações das ações educativas na região do Tapajós, estado do Pará, em consideração à prática da cultura de accountability, pela melhoria da qualidade educacional. Para tanto, o quadro metodológico contemplou três etapas, sendo que a primeira etapa revisitou as literaturas que discutem as conotações temáticas com delineamentos conceituais de políticas públicas (SOUZA, 2006; BARROSO, 2011, 2013); território, territorialidade e territorialização (SANTOS, 1996, 2007; HAESBAERT, 2004, 2014); accountability educacional (AFONSO, 2009, 2009a, 2010, 2012, 2018; FREITAS, 2012, 2016; BALL 2004, 2006), atores escolares e cultura organizacional da escola (NÓVOA, 1992; DUBET, 2003, 2004, 2008; ALMEIDA, 2011, 2014, 2017; ABERS; SILVA; TATAGIBA, 2018) e as impressões conceituais sobre a arte do contornamento (HAESBAERT, 2014; FOUCAULT, 2008; LIMA, 1991). A segunda etapa ocorreu em dois momentos: a construção de um inventário das produções científicas e um estudo documental das legislações sobre Saeb e Ideb e do manual do Sispae, bem como da organização da Obmep. A terceira etapa se refere à empiria da pesquisa e incluiu três desdobramentos: mapeamento das regiões de integração do estado do Pará com a eleição da região do Tapajós e de três municípios: Itaituba, Jacareacanga e Rurópolis, seguido da escolha de uma escola de ensino fundamental; análise dos documentos oficiais do sistema de educação dos municípios e da arquitetura de outras atividades externas; também a aplicação de um questionário a vinte e sete professores bem como a realização de uma entrevista semiestruturada a três gestoras das escolas. Com efeito, defendemos a tese de que os atores escolares encontram fissuras nas políticas educacionais e por estas brechas produzem a arte do contornamento com o fito de propiciar efetivamente a aprendizagem do estudante. Em termos conclusivos, identificamos no cotidiano das escolas da pesquisa ações que perpassam pela formulação e implementação de pequenos projetos, feiras, atividades lúdicas, interdisciplinares e ambientais, bem como construção e acompanhamento do PPP e participação atuante nos conselhos de classe e escolar que correspondem de fato à postura de evidências da arte do contornamento pelos atores escolares, sobretudo professores. Por certo, este estudo pautado na investigação da realidade da escola pública apontou pequenas iniciativas a partir das formas estratégicas da gestão escolar que são indicadores do que nomeamos de arte do contornamento, porquanto há um comprometimento da comunidade escolar com o real desenvolvimento da aprendizagem do estudante, para além do crescimento dos indicadores de qualidade educacional, quando se apropriam de estratégias pedagógicas em defesa de seu território.